Palavras de Alento

29 de dez. de 2011

Encaixotando 2011

Foi um ano complicado: Tenso. Penoso. Sofrido. Duro. Um ano de aprendizagens que ficarão pro resto da vida. Um ano de perdas irreparáveis, nas quais tive que buscar forças sei lá aonde para apoiar quem necessitava mais do que eu. Em alguns momentos esqueci de mim, de minha dor, e fui doar meu ombro a quem precisou de meu apoio, de minha maldita experiência com a Dona Morte.
Perdi um tesouro precioso, que passou 36 anos alegrando meus dias. Ainda estou aprendendo a viver sem ele, mas hoje tenho a consciência de que ele continua vivo em outro plano e que um dia certamente receberei de novo seu abraço, quando for a minha hora de partir.
2011 foi um ano padrasto. Mas a gente aprende e cresce com as dificuldades. Sempre foi assim comigo. Acredito que isso tudo fez nascer em mim uma vontade enorme de ser uma pessoa melhor, de ajudar quem precisa, de estar presente na vida daqueles a quem amo, de ser mais paciente, mais tolerante, mais compreensiva, mais companheira, enfim, mais humana.
Não escrevi a famosa lista com "resoluções de ano novo", como costumeiramente o fazia. Não tenho expectativas para 2012. Quero apenas ter saúde e ver aqueles a quem amo saudáveis e felizes. Quero fazê-los felizes, me fazer presente e espalhar alegria e o amor que sinto, porque o amor é pra ser compartilhado, é pra transbordar.
Mas não vou ficar apenas reclamando, sou grata por ter conseguido escrever minha monografia e concluir minha segunda Especialização. Foi difícil, foi no meio do processo, mas deu tudo certo.
Agradeço a Deus por ter me tornado uma pessoa mais forte com as vivências do ano que se finda. Agradeço pela vida e pela saúde do meu pequeno, da minha mãe, da minha irmã, do meu sobrinho e de todos os familiares que como eu, ficaram desolados com a perda de Crístian.
Agradeço aos amigos queridos pela força, pela presença, em especial a Toni e Mel (minha alma gêmea se dividiu em três, fazer o quê...). E a Luiz Paulo, simplesmente por ter insistido em ficar, mesmo quando eu achava que não queria. Fez uma diferença enorme, eu nem sabia o quanto precisava. A gente ainda tem muita coisa pra viver, meu bem! Peço para o bom Deus nos conceder a graça de ter o nosso filhinho (que não pôde vir dessa vez), e que fortaleça nosso amor e nossa fé!

Um abraço fraterno a todos, carregado de energia positiva.

Vou receber 2012 assim, de braços abertos, na esperança de dias melhores.

24 de dez. de 2011

Cadê Meu Feliz Natal?


Eu sempre adorei o Natal. Comigo não tinha essa história de cultivar tristeza e introspecção. Eu ansiava por estar com a minha família, trocar presentes com os amigos e devorar todas as delícias da ceia sem culpa nenhuma.
O Natal era uma farra e se tivesse criança por perto, pra perpetuar a lenda do bom velhinho, tanto melhor. Pelo menos nisso eu não deixei de acreditar: que a alegria do Natal são as crianças.
Mas há algum tempo meus Natais vem perdendo o encanto. Já não consigo juntar a família, nem juntar-me a ela. E acabei me acostumando a passar essa data tão importante longe dos meus.
No ano passado meu irmão já estava doente, mas não pudemos passar a noite de Natal juntos. Esse ano estamos sem ele, e pra completar, meu menino passará a noite do dia 24 na casa de seu genitor. 
Vida de mãe separada não é fácil. E como não dá pra repartir um filho ao meio, imaginem como está o meu coraçãozinho...
Com as coisas fugindo do controle desse jeito, o Natal passa a ter outro significado e o valor da família toma uma dimensão ainda maior.
Por isso desejo a todos uma noite linda, cercada pelo carinho e amor de seus familiares e amigos. E não nos esqueçamos de que Jesus nasceu nessa data, trazendo ao mundo o maior exemplo de amor e fraternidade que já existiu.
Feliz Natal pra todos!

21 de dez. de 2011

De Férias

Estou pra lá de feliz e relaxadíssima. Minhas mais que merecidas férias chegaram e a estação mais esperada do ano,o verão, chega hoje, embora em Salvador ele dure mais tempo do que no resto do Brasil.
Já dei cabo da infindável lista de presentes e agora o que mais quero é me entregar ao astro rei, e esquecer do relógio.


Um beijo a todos, aproveitem o verão e caprichem no protetor solar!

17 de dez. de 2011

A história secreta da Mulher Só e do Homem Sem Tempo

Capítulo XXXIII

Ela se fora ao amanhecer, levando consigo a sensação de que havia sido a última vez. Preferiu deixá-lo dormindo, a ter que vê-lo partir outra vez. Mas se fosse mesmo a última vez, não haveria porque arrepender-se, teria trocado a eternidade por aquela noite. 
A Mulher Só chegou ao bar do Hotel Arts antes das oito. No balcão, pediu um gim tônica. Tomou três e depois dirigiu-se, meio cambaleante, ao saguão do hotel. O Homem Sem Tempo havia acabado de descer e trazia uma rosa vermelha nas mãos. Seus olhos não acreditaram quando pousaram sobre aquela mulher cuja boca e sapatos tinham a mesma cor da rosa que ele segurava. 
Ela estava estonteante. Era a visão do paraíso e ele desejou morrer ali, emaranhado naqueles cabelos revoltos, enlaçado por seus braços, ou pelas pernas longilíneas à mostra, sobre saltos que lhe pareciam impossíveis de se equilibrar. Nunca a vira ou a imaginara daquele jeito. Seu coração acelerava à medida em que ela avançava em sua direção. Parecia outra mulher. Ou era outra pessoa, ou estava possuída. Aproximou-se dele e nada disse, apenas respirava ofegante, fazendo o peito, preso num decote assustador, subir e descer, deixando-o ainda mais enlouquecido. E ele não conseguia tirar os olhos daquela boca incandescente. Beijaram-se de forma alucinada. E subiram sem trocar uma palavra. 
Mais tarde desceram para jantar, conversaram, beberam vinho e riram muito de seus desencontros. Ela estava feliz. Era a noite do Dia dos Namorados e ele estava ali. O que mais poderia querer? A vida toda? A vida toda seria muito tempo. Ela sabia que não merecia tanto. 
Subiram novamente, se amaram mais uma vez e a última coisa de que se lembrava era do som da sua própria risada e dos carinhos dele em seu rosto antes de adormecer. 

To be Continued

13 de dez. de 2011

Bentices

Chamei-o para assinar os cartões dos presentes de Natal e ele veio empolgadíssimo. Escreveu apenas o seu nome no cartão da avó e da tia, até que eu entreguei-lhe mais um:
- Esse é o de César.
Ele parou e disse arregalando os olhos:
- Mas mãe, eu ainda não sei fazer o "C"!
                                           ***
- Mãe, as pessoas que não têm filhos, têm que pedir à papai do céu!
- E será que Ele vai dar, meu filho?
Pensativo:
- Não sei... - acho que só vai dar a alguns, os que forem educados.
                                           ***
No último dia de aula, voltou da escola com essa:
- Mamãe, eu vou mudar pro "gupo quato" e vou ter outra "pofessora".
- Hummm, que ótimo!
- Mas eu vou continuar com a mesma mamãe e o mesmo papai!
                                             ***
Após "ler" o livro O casamento do Pato, perguntou:
- Mãe, você já se casou com meu pai?
                                             ***
Ele disse que me amava e eu resolvi instigar.
- E você sabe o que é amor?
- Amor é quando se abraça e depois se casa.

5 de dez. de 2011

Tá Na Moda (?)


Eu ando um pouco intrigada com algumas coisas que vejo as pessoas usando por aí. Algumas peças eu chego a jurar que nunca vou usar, mas no dia a dia é tão comum ver o desfile de horrores, que chego a me perguntar se sou eu que estou errada.

Top Fluorescente por baixo de blusa branca. Campeão entre as minhas alunas.

As celebridades deixam-se fotografar usando essa peça de extremo mau gosto, e minhas meninas imitam-nas imediatamente. Eu não encaro!


Vejo muito nos pezinhos infantis e acho fofinho. Mas adulto usando isso, só se for turista estrangeiro sem noção! Deve causar um chulé...


Calça xadrez saruel. Junção de coisas feias. E agora ainda inventaram a versão masculina desse troço.

Ontem vi uma criatura andando sob o sol escaldante com uma meia dessas...

E vocês, o que acham disso?

2 de dez. de 2011

Cara de Durão, Coração de Melão

O primeiro emprego de Crístian aqui em Salvador foi numa agência de publicidade, que além de remunerar mal, ainda atrasava o salário. Embora trabalhasse na criação, acabou ficando amigo do boy da empresa. Costumavam almoçar juntos. Todos os dias ele chegava em casa com uma história nova sobre esse rapaz, que encarnava a própria figura do office-boy daquela musiquinha enjoada dos anos 80, porque se dava mal em tudo. 
Não cheguei a conhecer o rapaz, e ainda por cima, esqueci seu nome, mas lembro de muitas histórias tragicômicas dele, narradas com  a expressividade e o riso marcante de meu irmão. O cara morava sozinho num cubículo, mal tinha dinheiro pra pagar o aluguel e vez por outra Crístian levava almoço para ele.
Um dia chegou me contando que o amigo havia engravidado a namorada. Eu fiquei preocupadíssima. Como alguém que mal se sustentava poderia colocar um filho no mundo? Semanas depois outra bomba: Gravidez gemelar!
Eu quase caí pra trás, com pena daquelas pobres crianças e Crístian soltava seu riso largo, como se não se importasse com o infortúnio do cara. Eu lhe pedi que não risse, porque a situação era séria, e ele me veio com essa pérola:
- Ele disse que vai registrar com os nomes "Deivson e Pâmela"! 
Aí até eu ri (poderia haver destino pior do que esses nomes???).
Tempos depois chega em casa a fatura do meu cartão de crédito, o qual eu havia presenteado Crístian com um cartão adicional. Na listagem, a conta de uma loja de artigos para bebês. Questionei-o a respeito e ele me disse que havia comprado para os filhinhos do amigo, que ainda não tinham enxoval. 
- Mas não se preocupe, assim que receber ele vai pagar!
Nunca vi a cor daquele dinheiro, não conheci os gêmeos, nem seus pais. Mas ficou a certeza de que meu irmão, apesar de tentar se fazer de durão, tinha um coração enorme.

Saudades de nossas histórias, nossa conversas, nossa cumplicidade... saudade boa, Amor, sem tristeza, porque como diz aquela música do Biquíni Cavadão: "o amor vai sempre ser amor, em qualquer lugar".

26 de nov. de 2011

A Curiosidade Matou o Gato

Eu já quis ter uma máquina onde fosse possível ver o futuro, pois sempre fui fascinada pelo que está por vir.
Queria poder vislumbrar a carinha do meu filho, já crescido. Ver qual aparência eu terei dentro de um corpo de 50, 60 anos. Saber quem estará ao meu lado. Comprovar se as coisas pelas quais lutei valeram a pena.
Eu desejava uma máquina que me possibilitasse, nem que fosse por um instante apenas, descobrir se o caminho que escolhi me permitirá chegar feliz ao meu destino. E se esse destino corresponderia ao que eu espero, ou se o Criador reservou algo diferente disso. De qualquer sorte, acredito que ele escolheria bem, sempre pensando no melhor pra mim.
Eu tinha uma curiosidade absurda com relação ao futuro. Na adolescência, ficava especulando, junto com meus amigos Mercinho e Toni, como estaríamos dali a 10, 20 anos... Estudávamos numerologia, quiromancia, tarô, astrologia... tudo isso por conta de uma curiosidade absurda de saber o que a vida nos reservava.
Mas essa ansiedade passou. Passou depois do último reveillon, quando uma verdade me foi negada. Mas eu pude vê-la nos olhos da taróloga com a qual me consultava. Ela quis me poupar, eu sei, mas me deparei com aquele destino inexorável poucos meses depois. Entendi naquele exato momento que as coisas pelas quais temos que passar nessa vida, nem sempre devem ser reveladas.
Agora me aquieto, vivo, tento plantar boas sementes e aguardar o futuro sem pressa, apenas com o entendimento de que colhemos tudo que plantamos.

(A curiosidade era tanta que eu descobri um site que me revelou minha face dentro de alguns anos.)
2010 - 2050


20 de nov. de 2011

Em Campanha

Minha amiga Viajante, autora do blog Foi Assim, certa vez entrou em campanha pedindo votos para um conto seu, que participava de um concurso cujo prêmio era uma publicação num livro. Entramos todos em campanha, votamos muito, mas no final foram só dez contos escolhidos e nossa amiga ficou de fora (embora seu conto fosse excelente!).
Agora é a minha vez de pedir voto. Meu sobrinho César, aquele fofo que vocês já conheceram através desse post (que diga-se de passagem é o mais comentado do blog), está concorrendo ao Bebê Hipoglós 2011. E com isso toda a família e amigos estão mobilizados para votar muito e fazer a alegria dos pais dessa lindeza.
Conto com o precioso voto de vocês, meus queridos internautas, seguidores e leitores fiéis.
São só dois cliques, não deixe de votar no pequeno, ele é lindo e merece!


Clique no link e vote: http://meu.bb/180830

16 de nov. de 2011

A história secreta da Mulher Só e do Homem Sem Tempo

Capítulo XXXII

Em Barcelona o dia 12 de junho era uma data como qualquer outra. A Mulher Só estava agradecida por estar longe das campanhas publicitárias que tanto provocam os corações apaixonados, quanto magoam os solitários. Sempre tentara não sucumbir aos apelos da mídia brasileira, mas neste ano, mesmo distante, ficava a imaginar como seria passar o Dia dos Namorados, mais uma vez, sozinha. 
Era mais um sábado quente de quase verão e choviam convites para as baladas nas boates. A Garota Francesa já havia reservado uma mesa e o DJ Catalão estava animadíssimo com a possibilidade de saírem juntos novamente. Não dissera que não iria, mas parecia que seu quarto a arrastava pra dentro. Pilhas de livros para ler e de páginas a escrever. Mas ela era só desencanto. 
Pouco antes das duas da tarde recebera uma mensagem de texto que mudara a cor do seu dia: 

“Chego a Barcelona hoje à tarde. Encontre-me às 20hs no Hotel Arts. Saudades imensas.” 

Ela não acreditava no que seus olhos liam. Era muita cara de pau dele enviar-lhe aquela mensagem achando que estaria disposta a vê-lo novamente, depois do bolo que havia lhe dado um mês atrás. Já haviam conversado sobre o ocorrido por telefone e e-mail, ela inclusive já havia decidido não lembrar, nem sofrer mais por aquilo. Mas fora tomada de surpresa e não sabia o que responder, por isso mesmo nada respondera. 
À noite, enquanto se arrumava para sair com os amigos, olhava insistentemente para o relógio. A Garota Francesa lembrava pela enésima vez que era cedo para se aprontar, ainda nem eram sete da noite e as boas festas não começavam antes das dez. Calçou um par de sapatos vermelhos de saltos altíssimos que a amiga lhe emprestara, pôs um vestido preto, caprichou no perfume e saiu sem pentear os cabelos e sem dizer uma palavra. 

To be Continued

9 de nov. de 2011

2 anos - 100 Seguidores

Hoje sinto-me imensamente feliz e prestigiada. 
Faz dois anos que criei este blog, sem nenhuma pretensão de ser um sucesso de bilheteria. Queria apenas registrar em algum lugar as coisas que me vinham à cabeça. 
E assim foi. 
Mas foi mais! 
Com o blog eu passei a ler mais - ainda que seja no computador, a escrever mais - ainda que poucos leiam, e por último, mas não menos importante, eu passei a conviver num universo fascinante, onde conheci pessoas maravilhosas, que escrevem coisas lindas, que se apoiam, se validam, doam seu tempo pra ler os desabafos alheios e são extremamente carinhosas.
A todos vocês, meus cem seguidores, leitores, amigos, parceiros e até aqueles que só vêm dar uma espiadinha, o meu muito obrigada. Fiz o selinho abaixo com muito carinho para vocês levarem para os seus blogs.
Um grande beijo e voltem sempre!
(Selecione a imagem, depois dê o CTRL C / CTRL V pois o botão direito do mouse está bloqueado)

6 de nov. de 2011

Rumo à Independência

Estava na sala, bestando na internet, e o menino no quarto, vendo um DVD. 
Silêncio em casa.
De repente ouço um barulho de água. Não era chuva, mas algo muito semelhante a um barulho de torneira aberta. Duvidando de meus próprios ouvidos, chamei:
- Bento? - levantei-me e me dirigi ao quarto com uma certeza em mente: "ele não alcança a pia do banheiro!"
Qual não foi minha surpresa ao chegar ao recinto e vê-lo de  pé, em cima do vaso sanitário, enxugando as mãos com uma toalha.
- Você lavou as mãos? - não acreditava no que meus olhos viam.
- Sim, elas estavam sujas de baba de menino.
A baba dele mesmo, que acabara de comer biscoitos.
Iniciativa, atitude, autonomia, independência ou simplesmente traquinagem?
Depois dessa eu fico tentando imaginar qual será a próxima dele... daqui uns dias vai querer morar sozinho!

2 de nov. de 2011

Sobre o Câncer

Há assuntos que ficam martelando, me cercando, me rondando. E por mais que eu evite, eles retornam. O câncer é um desses assuntos. Tento há meses não falar sobre isso, não opinar sobre esse mal que está por exterminar a humanidade. 
Tá certo, a doença sempre existiu. No início as pessoas morriam cedo, de causas desconhecidas, provavelmente acometidas pelo câncer, sem sequer saber. Muitos morriam após definhar meses em cima da cama, tossindo muito. Depois veio a fase da vergonha, do medo, como se ter câncer fosse uma maldição que deveria ser escondida. Até pronunciar a palavra parecia proibido, muito referiam-se ao câncer como C.A..
Eu, que nunca tive medo de palavras, mas sim respeito e cuidado ao usá-las, repito-a quantas vezes for necessário, porque não me deixo escravizar pelas palavras, elas não podem ser mais fortes do que eu, então jogo ao vento aquilo que quero longe de mim.
Última foto de Crístian, tirada 20 dias antes de sua partida.
A maioria dos leitores deste blog sabe que acompanhei a luta que meu irmão travou durante oito meses contra o câncer. Era bonito vê-lo acreditar na própria recuperação, cuidar de si mesmo, tomar todo tipo de remédio caseiro que ensinavam... Mas era como enfiar um punhal em meu peito presenciar seu estado após as sessões de quimioterapia, a magreza, a falta de apetite, o desespero de minha mãe (esse item daria um capítulo à parte...). 
E no final do filme triste ainda tive que me conformar com a perda mais dolorosa que enfrentei nessa existência. Entender, aceitar e se acostumar com a falta de alguém que passou a vida inteira comigo foi (e ainda é) um exercício de resinação que acabou me trazendo maturidade e força. 
Quando tomei conhecimento da doença de Gianechinni me deu um aperto no coração... tão jovem, pensei, "já vi esse filme antes"... mas mesmo não o conhecendo pessoalmente, peço a Deus pela sua saúde e recuperação. Depois veio a morte do gênio Steve Jobs e agora a notícia de que o câncer acometeu também o ex presidente Lula. Imediatamente uma sequência de polêmicas foram desencadeadas nas redes sociais. Sem palavras pra expressar o meu repúdio por essa gente que se aproveita da dor alheia pra tripudiar e trazer à tona assuntos nada edificantes.
Precisamos ser mais humanos, mais solidários, mais humildes e parar de pensar que nunca vai acontecer conosco. Meu irmão era um rapaz jovem, saudável, vegetariano, vaidoso, sem vícios e que se cuidava muito! Morreu de câncer no pulmão. Alguém me explica isso? Pode acontecer com qualquer um: Uma dona de casa, um artista, um desempregado ou um presidente da república. Todos estamos suscetíveis.

PS: Um beijo aos amigos queridos, seguido das minhas desculpas pelo desabafo.
(Já são 240 dias sem aquele abraço, aquele sorriso, aquela voz...)

27 de out. de 2011

(O bom e velho) Rock (de) Brasília

Ontem assisti à película Rock Brasília, um documetário de Vladimir Carvalho, produzido a partir de depoimentos e imagens reais da época em que alguns garotos da capital federal começaram a fazer som e adentraram o cenário musical brasileira.
Melodias ferozes e letras altamente politizadas, motivadas pelos protestos que mobilizavam os jovens no final dos anos 70 e início dos anos 80 marcaram a época e influenciaram toda uma geração. O diretor focaliza a trajetória das três bandas principais da capital do país: Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. Os próprios integrantes contam suas histórias, encontros e dificuldades pelas quais passaram até "estourarem nas paradas de sucesso".
Pra mim, que vivi a efervescência dos meus anos de adolescente embalada por essas músicas, foi fantástico, como se eu revivesse os shows da Legião, compartilhados com amigos queridos e com meu saudoso irmão, companheiro desses anos de rebeldia, festas e porres. Aquelas músicas marcaram nossas vidas e, assim como as ideologias, nos ajudavam a amenizar as dores e incertezas da idade, ao mesmo tempo em que reafirmavam o valor da amizade.
Um tempo que não foi perdido e que (infelizmente) não tem volta.

22 de out. de 2011

Filho(s) - Ou Impressões, Memórias e Desventuras da Maternidade

Sempre compactuei da teoria que propaga a superpopulação mundial. No mundo há gente demais e por isso, cada casal deveria ter apenas um filho. É sério, os chineses inclusive já fazem isso há um tempão: quem quer ter um segundo filho, na China, tem que pagar multa!
O meu discurso não é vazio. Pensemos no planeta Terra, já tão castigado pelas ações humanas. O homem consome exageradamente, desmata florestas, polui o ar, produz lixo e procria em nome do seu bem estar, do seu egoísmo. Um dia isso ainda vai nos colocar em maus lençóis. Há previsões de escassez de água num futuro próximo. Também de rodízio de carros nas grandes cidades, aumento da criminalidade, aquecimento global, fome... as perspectivas não são nada animadoras. Quem quer colocar um filho num mundo como esse?
Mas apesar de já pensar nessas coisas quando engravidei, eu me realizei totalmente com o menino Bento. Apesar de ter engavetado alguns projetos pessoais, incompatíveis com a maternidade, o fiz de bom grado, porque estava realizando um sonho. Ele era (e é) muito mais do que eu esperava ou achava que merecia.
Abrir mão é uma marca registrada das mães. Abre-se mão das baladas no sábado, do corpinho sarado, do sono tranquilo por uma noite inteira, dos estudos. Eu abri mão de coisas pelas quais tive que batalhar pra conseguir novamente e segui firme no meu propósito de não contribuir mais para o aumento das taxas populacionais.
Segui? Seguia. Plano B na área, porque na prática, a teoria é bem diferente! Em abril, se tudo correr dentro do previsto, Chris estará chegando.

(Mandem boas vibrações pra nós!!!)

Nota da autora:
Como muitos sabem, as coisas não saíram como prevíamos e hoje completa um mês que essa vida nos foi tirada; compartilho agora com os leitores do meu blog, esse texto que escrevi em 05/09/2011, e pelas razões que a própria razão desconhece, acabei não publicando. 

17 de out. de 2011

A história secreta da Mulher Só e do Homem Sem Tempo

Capítulo XXXI 

Estava com dificuldades para traduzir alguns trechos de um livro importantíssimo para sua pesquisa e por isso cogitou solicitar a ajuda do seu amigo DJ Catalão. Telefonou-lhe, meio sem jeito, pois há algum tempo não se falavam. Ele atendeu com a alegria e disposição de sempre, prometendo ajudá-la, desde que aceitasse tomar um chopp com ele. Tudo na vida tem seu preço, pensou. Em compensação, seria bom sair pra arejar as ideias depois de dias debruçada sobre aquele trabalho. Marcaram num sábado à tarde, num café próximo à casa dela. 
Após revisarem a parte do livro que a interessava e somente depois de todas as anotações terem sido feitas, a Mulher Só aceitou tomar o seu primeiro chopp. O DJ Catalão já havia tomado uns seis, e ela rogava a Deus para que a tradução feita por ele estivesse fiel. Depois do primeiro gole, relaxou. Conversaram animadamente e mesmo tentando se esquivar das investidas daquele lindo rapaz o qual ela queria apenas a amizade e algumas aulas de um idioma difícil, conseguiu divertir-se e sentir-se menos tensa. Passara a semana contando as horas para finalizar aquela parte de sua pesquisa, pois acreditava que dali a alguns dias estaria explodindo de felicidade, nos braços de seu amado. 
Pouco antes das sete horas seu celular tocou. Era ele. Pediu licença ao amigo e afastou-se da mesa onde estavam, permanecendo de pé, próximo à saída. 
O DJ Catalão a observava enquanto falava. Não entendia quase nada de português, e ainda menos de leitura labial, mas viu surgir no semblante dela uma expressão de desalento. O sorriso que brotara no rosto ao atender o aparelho desapareceu por completo quando ouviu o Homem Sem Tempo dizer-lhe que não poderia viajar nos próximos dias. Antes que ele prolongasse a conversa e lhe prometesse uma nova tentativa de reencontro, ela cortou-o. Estava cansada de recusas. 
Desligou o celular e voltou à mesa, tentando não aparentar a tristeza e decepção que a dominaram. Sentou-se e pegou a taça de chopp que seu amigo lhe oferecera. 
- No et preocupis, estimada. La tristesa no li convé! 
Apesar de sentir-se destruída por dentro, sorriu-lhe e brindaram. Seu amigo não merecia seu mau humor e o Homem Sem Tempo não merecia que ela deixasse de tentar ser feliz. A noite caiu e após algumas taças e muitos brindes, passou a ver de outra forma o azul daqueles olhos brilhantes que estavam à sua frente.

To Be Continued

11 de out. de 2011

Dia de Alegria

Porque viver cercada por crianças foi uma escolha.


Que Nossa Senhora Aparecida proteja a todas elas!

5 de out. de 2011

Greve(s)

140 milhões de correspondências deixaram de ser entregues. Dentre elas a fatura do meu cartão de crédito, o boleto do meu plano de saúde e do seguro do carro, as contas de telefone, internet e um livro que eu comprei on line. Por sorte algumas coisas estão programadas para serem debitadas automaticamente, porque pra completar, os bancários também decidiram mobilizar-se e estão em greve há nove dias.
Nada contra greves, por exemplo adoro quando a TransSalvador entra em greve. Respeito o direito de greve dos trabalhadores, mas... desde que não atrapalhe a vida da gente, claro! Por acaso algum dos nossos credores vai nos isentar das multas e juros pelos atrasos e contratempos? Não. Cada um de nós vai ter que se virar pra conseguir pagar tudo, provavelmente passar momentos insuportáveis ao telefone, tentando obter a numeração do códigos de barras, ou, com sorte, encontrar tudo no site do seu cartão de crédito.
Enfim, entre mortos e feridos, salvam-se todos. Parece-me que o sindicato e a direção dos correios estão chegando a um acordo. Um dos pontos de conflito é sobre o desconto dos dias parados. Por aqui, quando nossa categoria decide paralisar as atividades já se sabe que findo o período da greve, iniciamos a reposição dos dias letivos. Justo. Injusto na visão dos alunos, que precisam vir à escola aos sábados. E eles quase não vêm. Ninguém gosta, mas o movimento é necessário, afinal, quem não chora, não mama.

(E eu, que mesmo sabendo que a greve continuava, checava a caixa de correio todo dia... babaca!)

2 de out. de 2011

Tiozão (ou Titio Dão)

Hoje estaremos reunidos, comemorando o primeiro aninho de Guelé. Guelé é como carinhosamente chamamos o pequeno Miguel, filho mais novo de meu querido primo-irmão Lory e de sua amada Camila.
Crístian viu Miguel nascer, embora não tivesse tido a chance de conviver com ele como o fez com Bento, João e demais crianças da quinta geração da nossa família. 
Lá se vão sete longos meses desde a sua partida e ainda sentimos muito a sua ausência, mas hoje não é dia de tristeza, não é dia de chorar. Sentiremos saudades sempre, pois nada pode substituir sua presença forte entre nós. Mas o trazemos em nossos corações, então vamos comer nosso caruru e cantar parabéns pra Guelé como titio Dão faria se ainda estivesse aqui conosco.

Muitos anos de vida e saúde para Miguel!


Pra ilustrar o post eu escolhi essa foto de Crístian carregando Bento e João (irmão de Miguel), quando os dois tinham apenas 8 meses. Ele amava profundamente essas crianças e costumava divertir-se muito com os pequenos.

29 de set. de 2011

Desafios para a Escola

Circula na internet um e-mail que traz a notícia de que o Ministério da Educação pretende ampliar o número de dias letivos, de 200 para 220. A medida visaria, segundo o ministro Fernando Haddad, aumentar o tempo de permanência dos alunos em sala de aula, pois segundo pesquisas realizadas pelo MEC, isso melhoraria os indicadores de qualidade da educação brasileira.
Professores de todo o país passaram então a manifestar-se contrariamente à essa medida (que ainda não é projeto de lei) por meio de redes sociais. Eu, enquanto professora da educação básica, atuando na rede pública há 7 anos, não acredito que vinte dias a mais em sala de aula resolverá o problema da educação no Brasil. Até porque, o que chamamos de "problema" é um conjunto de coisas, uma bola de neve que se arrasta há anos, de governo em governo. É preciso melhorar a infra estrutura das escolas, provê-las com equipamentos, recursos e bibliotecas, investir na merenda escolar, na segurança e manter os professores sempre atualizados, motivados e bem remunerados.
O Sr. Ministro e seus assessores estão minimizando o problema achando que vinte dias de aulas a mais vai dar pra modificar índices e conseguir milagres como melhorar o IDEB e os resultados do ENEM. Outra meta do MEC para 2020 é implantar a educação em turno integral em metade das escolas públicas brasileiras. Mais uma tentativa no sentido de equiparar a educação pública com a oferecida pela rede privada, haja vista que os índices dessa última são sempre melhores.
Acredito na educação em tempo integral, pois um dos grandes problemas dos alunos da rede pública hoje é a falta de compromisso com sua formação. Os próprios alunos não têm a mínima noção da importância do estudo na vida deles. E os pais, idem. A impressão que eu tenho é que todos estão imersos num universo onde a diversão e o esforço mínimo são os únicos objetivos.
Há quem consiga a proeza de se sair bem na escola, mas o nível de aprendizagem diminui à medida em que os anos escolares avançam. Novos interesses vão surgindo, e a escola, quase sempre desprovida de recursos e atrativos, vai se tornando cada vez mais chata, o último local onde eles gostariam de estar. E nós, as terríveis professoras, que vivemos para persegui-los com cobranças de atividades, submetendo-os a avaliações e ameaçando-os com notas vermelhas, nos tornamos os seres mais desprezíveis sobre a face da terra.
Ser professor é difícil. Mas eu gosto de coisas difíceis! Não vou desistir de fazer meus alunos compreenderem que só pela educação eles poderão mudar a realidade em que vivem. Bom, primeiro eu preciso fazê-los enxergar que a vida deles não é a ideal... (ô tarefa árdua!) Enquanto isso espero pelas medidas governamentais que vão mudar a vida deles e a minha também: Menos férias, mais trabalho, mesmo salário... dá pra ser feliz assim?
Charge disponível em: 

26 de set. de 2011

Saudade Fraterna

Não tivemos tempo de tirar uma foto assim,
mas todos os dias ele repetia esse gesto.
- Senta aqui que mamãe quer falar uma coisa com você - Chamei-o, enchendo-me de coragem.
- O que foi?
- Chris foi embora...
- Ele foi morar em outra barriga? - a voz dele ficou tristinha e meu coração apertou tanto que me segurei pra não chorar.
- Não. Ele foi pra casa de papai do céu. Vai ficar lá com titio Dão e depois ele volta pra barriga de mamãe.
Ele fingiu bater de leve em minha barriga, com o punho fechado:
- Toc, toc, toc. Tem alguém aí? - silêncio na sala. Meus olhos cheios de lágrimas - Não tem ninguém mesmo - constatou tristinho e completou: - Eu fico com saudades dele...


No dia seguinte ele encosta a cabeça em minha barriga e pergunta:
- Mamãe, Chris voltou?

Aguenta coração, você não é de pedra, eu sei, mas é quase!


22 de set. de 2011

Das Dores da Vida

Às vezes ser controversa me cansa. Me causa mal estar, repulsa, raiva de mim mesma.
Um mês atrás recebi a boa nova que eu pensava que mudaria minha vida. E como eu desejei que a minha vidinha maravilhosa, meu mundinho perfeito, meu castelo de areia continuasse no lugar... e por medo de tantas mudanças, rejeitei a boa nova!
Acho que a boa nova percebeu, porque hoje, um mês depois, já acostumada e feliz com ideia, eu desmorono de tristeza por ter sido rejeitada pela boa nova.
Tentei fazer tudo direitinho, mas a boa nova passou apenas dois meses comigo e voltou para o lugar de onde veio...

(Mais uma perda para a minha coleção de 2011)

17 de set. de 2011

A história Secreta da Mulher Só e do Homem Sem Tempo

Capítulo XXX 

Os dias que antecediam a chegada do verão deixavam todos bastante animados. Mas àquela altura, a Mulher Só era pura melancolia. Seu nome era saudade e a única coisa que podia servir-lhe de consolo era a certeza de que seu sentimento era compartilhado por seu amado. 
A angústia da distância se intensificava nos finais de semana, quando ele não se conectava à internet e seu status nas redes sociais e sites de bate papo apareciam sempre off line. Também nunca lhe telefonava aos sábados ou domingos. Isso a entristecia sobremaneira. Sabia que muito provavelmente ele estaria dedicando seus dias de folga à família. 
Certa vez arriscara ligar num domingo, início da tarde no Brasil. Ele atendeu ao celular com um “olá” tão estranho que ela imaginou tratar-se de outra pessoa. Perguntou se estava tudo bem e não prolongou a conversa. Ela desligou o celular, desconcertada, sentindo-se a pior das criaturas, envergonhada de si mesma. 
A partir daí passou a questionar-se acerca dessa relação, se essa felicidade momentânea, proporcionada por encontros furtivos, valeria a pena. Chegava a pensar que a angústia causada pela ausência e a falta de posicionamento dele era um preço muito alto a pagar por esse amor. 
Mas o Homem Sem Tempo sabia como convencê-la a mudar de ideia. Ele possuía o dom de usar as palavras e fazê-la crer que aquele amor era sim possível. E ela deixava-se levar por promessas que ele nunca fez. Gostava de ouvi-lo dizer que havia algo de inexplicável entre eles, dava-lhe a certeza de que o Homem Sem Tempo realmente acreditava que aquele amor pudesse transpor as barreiras do tempo e jamais morrer. 

To be Continued

12 de set. de 2011

Mania de Brasileiro

Bento, não sei por que cargas d'águas, tem a (péssima) mania de tamborilar em minhas nádegas. Não posso parar um instante sequer que lá vem ele fazer batuque num lugar que não emite nenhum som. Posso estar à pia lavando louça, no banheiro escovando os dentes ou simplesmente debruçada na janela, que ele aproveita para fazer da minha retaguarda, tambor. 
Dia desses fomos a um shopping perto de casa e ao invés de entramos pela porta principal, cortei caminho por uma loja de departamentos. Assim que senti segurança suficiente, soltei a mãozinha dele e abri a bolsa para guardar as chaves do carro.
Feito isso, ainda caminhando, baixei o braço a procura da mão dele, que eu imaginava estar ao meu lado. Susto. Por uma fração de segundos não encontrei a mãozinha macia daquele ser ao qual eu devo cuidar e proteger. Olhei pra baixo, na direção em que ele deveria estar, e nada. Virei-me pra trás, quase entrando em desespero, quando vi uma cena inimaginável: Meu filho sorria, com a carinha mais lavada do mundo, enquanto tamborilava no bumbum de um manequim que vestia uma calça jeans justíssima. 
Aliviada, só me restou rir (muito) e compartilhar mais essa pérola do menino Bento.

2 de set. de 2011

Frases Inesquecíveis do Babaca

Pensando em alegrar um pouco essa data, resolvi compilar algumas das frases que ele costumava dizer. Quem conheceu Crístian sabe o quanto ele era inflexível, irredutível e cabeça dura, portanto não irão estranhar a postura (quase) politicamente incorreta.


"A moda é o contrário da arte. A arte quanto mais o tempo passa, mais se aprecia. Já a moda fica ridícula com o passar do tempo!"

"Mulher não toma corno. Quem toma corno é homem, mulher já é normal..." - essa eu odiava!

"Dormir é perda de tempo" - será que previa que teria pouco tempo de vida? Vai saber..."

"Homem não usa rosa. Pode usar salmon, laranja... mas rosa não, é cor de mulher!"

"Quem se casa com separação total de bens já está prevendo que vai se separar..." - indignado!

"Se você não tem nada de bom pra falar sobre uma pessoa, é melhor não dizer nada!"

"Deve ser bom namorar uma mulher que tem filho porque quando acabar a relação você se livra do filho também!" - que maldade... falava isso mas nunca namorou ninguém que tivesse filhos.

Para quem o conhecia, fica o convite para postar alguma frase dele, ou algo que lembre ele...


27 de ago. de 2011

Plano B

Aprendi que precisamos ter sempre um plano B. O plano B é aquilo que você faz depois que tudo que havia planejado dá errado. O plano B é a tal segunda opção. Às vezes até pode soar como um prêmio de consolação. Mas o pior mesmo é não ter o plano B e precisar bolar um de última hora.
Aprendi também que os planos divinos estão muito acima dos nossos e questioná-los só nos traz revolta e indignação. Se Ele conduziu ou determinou as coisas de uma forma, precisamos ter resignação e acreditar que Deus sempre pensa no que é melhor para seus filhos.
Pois bem, mais uma vez engavetarei meus projetos pessoais para viver os planos que Deus traçou pra minha vida. Já sofri e me frustrei muito ao ver meus desejos e planos darem errado. Pagar o preço por algo que não se escolhe, ou não se planeja, é certamente doloroso. Mas também é preciso aprender com a dor, pois ela sempre nos traz lições valiosas.
Sigamos em frente com o plano B. A vida continua, isso é o que realmente importa.

23 de ago. de 2011

A história secreta da Mulher Só e do Homem Sem Tempo

Capítulo XXIX

Passaram semanas namorando à distância. O computador e o telefone minimizavam a ausência que sentiam um do outro. Faziam promessas e trocavam juras de amor, mas a Mulher Só, apesar de apaixonada, não se deixava iludir. Não fazia perguntas sobre a vida dele, nem cobrava nada, apenas vivia o momento.
Numa noite, o Homem Sem Tempo disse-lhe que iria a Barcelona estar com ela em breve. Não quis saber que desculpa ele daria em casa. Permitiu-se ficar radiante e preparou-se durante os dias que antecederam a chegada de seu amado.
Naquela quinta-feira à noite ela saiu dizendo à garota Francesa que iria encontrar-se ele. A amiga torcia pelos dois, embora soubesse bem como essas histórias costumam terminar. Emprestou-lhe o carro, dizendo que não se preocupasse com a hora de voltar.
Encontrou-o no bar de um pequeno hotel, localizado no centro de Barcelona. Estava vestido com a formalidade costumeira e exalava um perfume que a entorpecia. Quando a viu seu semblante sério e cansado deu lugar a um sorriso iluminado.
Beijaram-se apaixonadamente ali mesmo, de pé, próximos ao balcão onde ele tomava um uísque.
- Vamos ficar aqui? - ela perguntou, procurando onde sentar-se
- Não.
- Então aonde iremos?
- Pegar o elevador - ele respondeu piscando maliciosamente para ela.
Não havia porquê esperar. Não havia como deter aquela paixão incontrolável que os consumia. Ela teve tempo apenas de pegar o celular e enviar uma mensagem de texto.
Em casa, preparando-se para dormir, a Garota Francesa ouviu um bipe de mensagem chegando no celular. Verificou o aparelho:

"Só volto amanhã"

- Uh, lá lá..! - exclamou, num misto de  espanto e animação.

20 de ago. de 2011

Mãe, Primeira Referência

Enquanto conversávamos ele me pediu um binóculo.
- Pra quê você quer um binóculo, filho?
- Para observar estrelas, pterodátilos, bem ti vis e pombos. - respondeu, colocando as mãozinhas diante dos olhos, imitando o referido objeto.
Concordei, mesmo sabendo que ele sairia decepcionado com essa história de observar pterodátilos. Ele continuou a conversa, explicando:
Quando eu "quecer" - leia-se crescer - eu quero ser um explorador. E também eu vou ser um "píncipe".
- E o quê que os príncipes fazem? - perguntei, intrigada, com funções tão distintas.
- Moram num castelo.
- Sozinhos?
- Não, com uma rainha.
- E quem é a rainha? - mamãe torcendo pra ele dizer: Você!
- É uma menina. - decepção... meu filho já quer casar!
- E ela é bonita?
- Sim, igual a você!


Adoooooro!
 Essa mereceu um post, concordam? Mãe boba!

16 de ago. de 2011

TPM: Afaste-se

Porque em alguns meses, se eu pudesse, sumiria da face da Terra.

Temporada Proibida para Machos
Tendência a Pontapés e Murros
Todos Problemas Misturados
Totalmente Pirada e Maluca
Tocou, Perguntou, Morreu
Tenha Paciência, Moço
Tente Perturbar Menos
Tente no Próximo Mês
Tendência Para Matar
Tira as Patas, Maldito
Toda Paixão Morre
Tô Puta Mesmo

Garimpei as pérolas acima na internet, e ainda encontrei essa piadinha infame:
"A diferença entre uma mulher na TPM e um sequestrador, é que com o sequestrador ainda existe uma possibilidade de negociação".

13 de ago. de 2011

Momento Tenso

Segundo me informaram, eu estava nervosa. Não sei ao certo se era nervosismo. Lembro que eu tinha a boca seca, as mãos geladas, as  pernas trêmulas e um medo absurdo de falar alguma bobagem. Geralmente quando estou nervosa eu falo alto e rápido, mas naquela hora meu tom de voz estava sereno, controlado, adequadíssimo à quantidade de pessoas na sala. 
Eram poucas, como eu previa. Somente os fiéis amantes da academia, como eu.
Fui aprovada, meu trabalho foi validado, com relevância social e educacional, mas ainda há o que complementar. Também esperava por isso.
Estou  mais leve, confesso. Meu sorriso flui. E me sinto pronta pra continuar a caminhada acadêmica.

Obrigada a Adriane (que também mencionou esse processo em seu blog) por ter acompanhado todo o trabalho, e a Marildes pelas pertinentes considerações;
A Luiz, Elane e Emmerson por prestigiarem esse momento;
E àqueles que, impossibilitados de se fazerem presentes, emanaram suas boas vibrações.

9 de ago. de 2011

A história secreta da Mulher Só e do Homem Sem Tempo

Capítulo XXVIII

Após a partida do Homem Sem Tempo, ela retomara sua rotina. Decerto que seus dias nunca mais seriam os mesmos, pois as lembranças dos momentos vividos com ele se eternizariam em sua memória. 
Agora tinha, novamente, apenas a sua solidão por companheira. Concentrava seus esforços nas atividades do dia a dia, nas leituras e na pesquisa, mas sempre era tomada de assalto pelos pensamentos que o traziam de volta. 
Falavam-se pelo celular de vez em quando, trocavam mensagens apaixonadas por e-mail, e vez por outra ela adentrava a madrugada conversando com ele num site de bate papo. 
Apesar da distância, estava feliz por saber que o sentimento que nutrira por tanto tempo, era correspondido na mesma intensidade. Chegava em casa todos os dias ansiosa por uma nova mensagem, ou por encontrá-lo online. Naquela noite, o cansaço do dia fizera com que esquecesse a ansiedade. Quando finalmente conseguiu tomar um banho e cair na cama, olhou para o computador e decidiu checar seu correio eletrônico. E ali encontrou um bom motivo para dormir feliz. 
              
"Menina,
Apesar da cólera e indisposição que me tomam, sinto-me mais forte e melhor à medida que converso contigo, quer seja por mensagens, por telefone ou pessoalmente. Você tem um significado pra mim. Não é apenas atração, é a necessidade vital de te sentir, de compartilhar momentos contigo, de te amar, te fazer e receber carinho. Não sei explicar, não posso atribuir tão somente aos meus pensamentos, meus desejos, pois deixei de alimentá-los durante um tempo, tanto é que demoramos tanto para nos acertarmos, nos encontrarmos, enfim, chegarmos aos finalmente.
Você tem algo bom, que me faz sentir alegria, somente pela tua presença. Farei uma loucura, em breve, mas loucura aos olhos das pessoas, não aos olhos de nossa essência, pois somos da mesma essência que formou todas as coisas. Insisto que não é, somente, atração. É desejo, é paixão, talvez amor, sendo construído, forjado, no fogo do tempo."

To be Continued

2 de ago. de 2011

César

César foi um trocinho que Deus mandou há 6 meses pra acalantar a vida da gente. 
Hoje eu vejo isso claramente, mas houve um tempo em que eu estava cega para César. Eu só via, só pensava, só me preocupava com o tio dele. E é sobre a relação com esse tio, que César viu apenas uma vez, no seu segundo dia de vida, que quero escrever hoje.
Deus, lá de cima, brincando com nossas vidas como comumente o faz, nos mandou César e nos tirou Crístian na mesma época. A notícia da vinda de César chegou aos meus ouvidos dois dias antes do resultado dos exames que atestaram o câncer de seu tio. Ninguém comemorou. Por motivos óbvios, não tínhamos condições emocionais de vibrar por uma vida que chegava. Ao invés disso, chorávamos pela possibilidade de abreviação da vida daquele com quem convivíamos e que tanto amávamos.
Sua mãe foi uma grávida triste. E isso era visível. Passou sua gestação levando o irmão às sessões de quimioterapia, a cada 21 dias, tentando desesperadamente passar o máximo de tempo possível ao lado dele. Quando sua barriga despontou, espantamo-nos: havia mesmo uma vida pulsando ali, ele queria vir, queria fazer parte desse círculo, dessa família, desse amor. Então finalmente a ficha caiu, logo um novo membro da família nasceria, nada mais justo e natural que acolhê-lo com todo amor de que dispúnhamos.
César veio numa linda manhã de verão, com direito a engarrafamento nas proximidades do Rio Vermelho, por conta da festa de Yemanjá. Nasceu lindo. A cara de Bento, só que em tamanho GG. 
Nesse dia eu me permiti chorar, emocionada, ao vê-lo através do vidro do centro cirúrgico. Lembrei do dia do meu parto e tive até vontade de ter outro filho (na verdade isso foi quase um surto, que não durou muito, rsrs). Nesse dia eu esqueci um pouco o agravamento da doença de Cristian e me permiti ficar feliz por César e por seus abençoados pais.
A última vez em que meu irmão saiu de casa, antes de internar-se para sair do hospital já sem vida, foi para ir conhecer o sobrinho. Registramos esse dia com fotografias e guardamos lindas lembranças dele, esforçando-se para aparentar um bem estar que já não existia. Dois dias depois foi internado, e no dia em que César completou um mês de vida, seu tio partiu.
Hoje faz seis meses que Deus nos presenteou com César, sabendo que  precisaríamos dele para abrandar a dor pela perda de Crístian um mês depois. Foram dias difíceis, mas o tempo passou e ele cresceu e nos mostrou que herdou o sorriso de canto de boca e o levantar de sobrancelha, igualzinho ao do tio. 
César nos traz alegrias infinitas, mas às vezes vejo aquele sorriso inocente, aqueles olhos enormes e lembro tanto de meu irmão, que tenho vontade de chorar. Mas não choro, porque César é alegria, e é uma prova de que Deus nos ama muito!

29 de jul. de 2011

Do Fascínio Pela Academia

Já não é de hoje que eu tento me enfronhar pelas tortuosas vias do mundo acadêmico. Quem me conhece sabe desse desejo antigo, engavetado em 2007 por conta da inesperada, porém desejada, gravidez de Bento. Depois veio a maternidade e todo o processo que faz o mundo das mães girar em torno da cria.
Ano passado voltei a estudar, e a partir daí senti fôlego para lançar-me novamente rumo ao mestrado. Durante essa semana, assistindo às apresentações dos TCCs dos colegas, minha vontade de estar infiltrada nesse ambiente de produção de conhecimento só aumentava. Apreciar as considerações de uma banca é tenso, porém instigante. Há muita vaidade no meio acadêmico, é verdade, às vezes parece que é muita estrela pra pouco céu, mas admiro esses profissionais que, muitas vezes, abrem mão da sua vida pessoal para se dedicar às ciências.
Não que eu pretenda abrir mão da minha família, isso está totalmente fora de cogitação. Acredito que podemos ser multi, poli, pluri e desempenhar papéis distintos em nossas vidas, sem ter que abrir mão de (quase) nada. Isso porque eu não sou baladeira e me conformo com uma vida social pacata, praticamente familiar. 
Mas para a concretização desse ideal é preciso contar com uma rede de apoio, na qual coexistam alguns personagens, tais como um companheiro que tenha os mesmos objetivos, amigos e familiares que assimilem bem a ausência nos encontros, um ex marido presente na vida do filho (não na minha, claro!) e uma boa diarista, daquelas silenciosas, que limpam tudo e vão embora, sem atrapalhar minhas leituras. 

Ah, como é bom sonhar... mas eu chego lá!

25 de jul. de 2011

Rapidinhas Românticas

Estávamos num momento íntimo no sofá: abraços calorosos, beijinhos e carinhos sem ter fim.
De repente, perguntei:
- Você me ama?
- Sim e eu vou "quecer"! (leia-se crescer)
- E vai continuar me amando? - mãe insegura...
- Sim. E eu vou te chamar de "querida"!
.................................................................................................................................................

Zangou-se por ter levado uma bronca, deu-me as costas e saiu de cara feia. Parou no meio da sala, virou-se e me disse:
- Mamãe, você é Bahia!
Mais tarde, na hora de dormir, já aconchegado em meus braços e com o humor melhor, retratou-se, fazendo voz doce e acariciando o meu rosto:
- Mamãe, você é Vitória!
................................................................................................................................................

Ele estava assistindo a um desenho animado, quando eu me aproximei e coloquei ao lado da TV, um porta retrato onde eu aparecia abraçada a meu namorado.
Desceu do sofá, pegou a fotografia, analisou-a e disse melosamente:
- Oh... que amor!
................................................................................................................................................

19 de jul. de 2011

A história secreta da Mulher Só e do Homem Sem Tempo

Capítulo XXVII

O Homem Sem Tempo embarcou para o Brasil naquela manhã fria, com a sensação de que a sua vida nunca mais seria a mesma. Não imaginava o quanto aquela mulher solitária e misteriosa poderia mexer consigo. Não parou de pensar nela um segundo sequer. Estava impregnado pelo cheiro dela, sua boca guardava o sabor de seus beijos e seus braços clamavam pelo corpo dela novamente. 
Sentia-se tomado por um sentimento arrebatador, que parecia entorpecê-lo. Gostava daquela sensação, daquele torpor que nos impede de ver a realidade e nos faz desejar apenas a companhia do ser amado. 
Não era só desejo, ele sabia. A admiração pela Mulher Só surgira há muitos anos. Mas eles desencontraram-se e se perderam. Também não podia imaginar que ela correspondesse ao interesse que ele sentiu no passado. Era uma mulher séria, parecia distante, compenetrada, focada em seus objetivos, e ainda por cima, casada. Não se arriscaria. Não se arriscou. E a perdeu. 
Queria ter ficado mais tempo com ela em Barcelona, desvendado seus mistérios, conquistado seu coração. Precisava fazê-la perder o medo de entregar-se, desapegar-se de valores ultrapassados, que os impediriam de serem felizes. Mas não podia. Suas obrigações e escolhas o chamavam para a realidade, lembrando-lhe que os arroubos juvenis não cabiam mais a um homem como ele. 
Infelizmente. 
Sua esposa certamente estaria à sua espera no aeroporto e questionaria os reais motivos que o fizeram ficar na Europa, e quase obrigá-la a embarcar sozinha um dia antes. Estavam no aeroporto de Lisboa, prestes a embarcar para o Brasil. Angustiado, ele disse que precisava voltar ao hotel para pegar alguns documentos que havia esquecido no quarto. Ela telefonou-lhe insistentemente, até que ele atendeu e orientou-a a embarcar. 
- Resolvo tudo ainda hoje e viajo em seguida - mentiu - Não deixe de embarcar, eu vou tentar remarcar minha passagem para o próximo vôo. 
E sua Esposa assim o fez. Quando confirmou a partida dela, o Homem Sem Tempo foi para o aeroporto e tomou um vôo rumo a Barcelona, onde viveria os momentos mais felizes dos últimos tempos. 

To be Continued

6 de jul. de 2011

Desblogando

Preciso de um tempo e se eu tivesse um pouco de vergonha na cara sensatez, já teria escrito isso há algumas semanas. Mas como dizia minha mãe nos anos áureos(?) de minha adolescência: "Patrícia só aprende quando quebra a cara". E é isso mesmo, mainha, sou construtivista até a alma, só aprendo fazendo!
Leitores assíduos desse blog despretensioso, preciso parar, ausentar-me, tentar desinteressar-me pela blogosfera por uns dias, umas semanas, talvez. Estou em vias de conclusão de uma especialização e não posso mais me dar ao luxo de percorrer diariamente os espaços de cada uma das queridas blogueiras a quem sigo, leio e comento. Também não posso gastar o escasso tempo livre de que disponho queimando as pestanas na tentativa de produzir algo inteligível para seu deleite.
O pouco tempo que me sobra entre a jornada de trabalho, o trânsito, as refeições e o sono serão dedicadas à finalização de uma monografia que fala sobre... blogs!

Preciso correr, dia 15 é a minha data limite, e até lá nada de redes sociais, viagens, baladas ou idas ao parquinho! 

Beijos e até a volta!

PS: Mandem boas vibrações para que eu consiga!

2 de jul. de 2011

Eu Te Vejo

clique na imagem para ampliar
(Leitores assíduos desse blog, perdoem a melancolia, mas o segundo dia do mês ficou tristemente marcado em meu calendário, e não há como não desabafar aqui sobre a imensa saudade que sinto dessa pessoa que passou a sua breve existência ao meu lado.)

Olho para trás e te vejo em todos os momentos da minha vida.
Nas brincadeiras e travessuras da infância, eu, que sempre convivi mais com meninos do que com meninas, queria fazer tudo como ele: subir em árvore, jogar futebol na rua e até brigar com os moleques. Também o protegia das brigas com garotos maiores e dos castigos e surras em casa. Várias vezes assumi erros que ele tinha cometido, porque conhecia o peso da severidade de meu pai quando precisava "educar" meu irmão.
Nos vejo adolescentes, com a nossa cumplicidade tão invejada. Ouço minha voz chamando-o de "Amor" e sendo imitada por mainha, por Jea, por Milly, que riam da minha forma de tratá-lo.
Num tempo de rebeldia e rudeza, alguns amigos, espantados, diziam: "Essa garota é apaixonada pelo irmão!". E era mesmo. Ele era a personificação do amor na sua forma mais pura.
Fomos responsáveis por uma mudança de postura dentro da nossa família, porque começamos a demonstrar esse amor, contagiando a todos. Nossa geração aprendeu a assumir o amor que sentia sem medo e sem reservas. Hoje nossa família é diferente, graças a isso, graças a ele, que era um ponto em comum, amado e admirado por todos.
Posso vê-lo implicando com Toni, meu primeiro namorado, por puro ciúme de irmão protetor. Implicância essa que ele teve de superar, quando namorou com Jamile, irmã de Toni. A partir daí eu passei a escolher suas namoradas a dedo, e coitadas daquelas que não fizessem parte do meu restrito rol de amigas...
Vejo você sob o sol dos verões em Berlinque,  nas bebedeiras com a galera, fumando os primeiros cigarros  escondidos, nos shows do Ira e Legião Urbana. Posso te ouvir tocando violão no quarto ao acordar, naquelas tardes na orla ou nas festinhas da casa de Érica... 
Te vejo lindo, como costumava chamá-lo, alto, alvo, com seu topete, suas roupas estilosas, seu sorriso de canto de boca, seu olhar de desdém...
Já adulta, tomei consciência de que era preciso me afastar um pouco e deixá-lo viver seus relacionamentos. Eu era o tipo de irmã que sufocava, de tanto amor. Deixei-o namorar em paz, longe das minhas influências e das minhas críticas. E assim pude vê-lo transformar-se num homem inteligente, bem humorado, de difícil convivência, mas capaz de amar e ser fiel à mulher escolhida.
Vejo-o na cozinha, detalhista e exigente, preparando o almoço delicioso que degustaríamos em seguida, nos rasgando em elogios, porque suas qualidades sempre foram valorizadas por nós todos. Vejo-te com meu filho nos braços, brincando, ensinando-o a tocar bateria, divertindo-se com cada novidade apresentada pelo pequeno. E ainda assim, dizendo que não teria filhos, deixando a todos intrigados por sabermos da sua adoração por crianças.
Agora vejo o triste fim da história bonita de um garoto travesso, que se transformou num lindo rapaz, depois num homem admirado, que foi acometido por uma doença estúpida e nos deixou apenas fotografias e um vazio imenso, uma saudade mordaz. Sua ausência me traz a certeza de que esta vida é mesmo só uma passagem ingrata, da qual não podemos nos furtar.

Vejo você em breve, Amor!
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