Palavras de Alento

29 de jul. de 2011

Do Fascínio Pela Academia

Já não é de hoje que eu tento me enfronhar pelas tortuosas vias do mundo acadêmico. Quem me conhece sabe desse desejo antigo, engavetado em 2007 por conta da inesperada, porém desejada, gravidez de Bento. Depois veio a maternidade e todo o processo que faz o mundo das mães girar em torno da cria.
Ano passado voltei a estudar, e a partir daí senti fôlego para lançar-me novamente rumo ao mestrado. Durante essa semana, assistindo às apresentações dos TCCs dos colegas, minha vontade de estar infiltrada nesse ambiente de produção de conhecimento só aumentava. Apreciar as considerações de uma banca é tenso, porém instigante. Há muita vaidade no meio acadêmico, é verdade, às vezes parece que é muita estrela pra pouco céu, mas admiro esses profissionais que, muitas vezes, abrem mão da sua vida pessoal para se dedicar às ciências.
Não que eu pretenda abrir mão da minha família, isso está totalmente fora de cogitação. Acredito que podemos ser multi, poli, pluri e desempenhar papéis distintos em nossas vidas, sem ter que abrir mão de (quase) nada. Isso porque eu não sou baladeira e me conformo com uma vida social pacata, praticamente familiar. 
Mas para a concretização desse ideal é preciso contar com uma rede de apoio, na qual coexistam alguns personagens, tais como um companheiro que tenha os mesmos objetivos, amigos e familiares que assimilem bem a ausência nos encontros, um ex marido presente na vida do filho (não na minha, claro!) e uma boa diarista, daquelas silenciosas, que limpam tudo e vão embora, sem atrapalhar minhas leituras. 

Ah, como é bom sonhar... mas eu chego lá!

25 de jul. de 2011

Rapidinhas Românticas

Estávamos num momento íntimo no sofá: abraços calorosos, beijinhos e carinhos sem ter fim.
De repente, perguntei:
- Você me ama?
- Sim e eu vou "quecer"! (leia-se crescer)
- E vai continuar me amando? - mãe insegura...
- Sim. E eu vou te chamar de "querida"!
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Zangou-se por ter levado uma bronca, deu-me as costas e saiu de cara feia. Parou no meio da sala, virou-se e me disse:
- Mamãe, você é Bahia!
Mais tarde, na hora de dormir, já aconchegado em meus braços e com o humor melhor, retratou-se, fazendo voz doce e acariciando o meu rosto:
- Mamãe, você é Vitória!
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Ele estava assistindo a um desenho animado, quando eu me aproximei e coloquei ao lado da TV, um porta retrato onde eu aparecia abraçada a meu namorado.
Desceu do sofá, pegou a fotografia, analisou-a e disse melosamente:
- Oh... que amor!
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19 de jul. de 2011

A história secreta da Mulher Só e do Homem Sem Tempo

Capítulo XXVII

O Homem Sem Tempo embarcou para o Brasil naquela manhã fria, com a sensação de que a sua vida nunca mais seria a mesma. Não imaginava o quanto aquela mulher solitária e misteriosa poderia mexer consigo. Não parou de pensar nela um segundo sequer. Estava impregnado pelo cheiro dela, sua boca guardava o sabor de seus beijos e seus braços clamavam pelo corpo dela novamente. 
Sentia-se tomado por um sentimento arrebatador, que parecia entorpecê-lo. Gostava daquela sensação, daquele torpor que nos impede de ver a realidade e nos faz desejar apenas a companhia do ser amado. 
Não era só desejo, ele sabia. A admiração pela Mulher Só surgira há muitos anos. Mas eles desencontraram-se e se perderam. Também não podia imaginar que ela correspondesse ao interesse que ele sentiu no passado. Era uma mulher séria, parecia distante, compenetrada, focada em seus objetivos, e ainda por cima, casada. Não se arriscaria. Não se arriscou. E a perdeu. 
Queria ter ficado mais tempo com ela em Barcelona, desvendado seus mistérios, conquistado seu coração. Precisava fazê-la perder o medo de entregar-se, desapegar-se de valores ultrapassados, que os impediriam de serem felizes. Mas não podia. Suas obrigações e escolhas o chamavam para a realidade, lembrando-lhe que os arroubos juvenis não cabiam mais a um homem como ele. 
Infelizmente. 
Sua esposa certamente estaria à sua espera no aeroporto e questionaria os reais motivos que o fizeram ficar na Europa, e quase obrigá-la a embarcar sozinha um dia antes. Estavam no aeroporto de Lisboa, prestes a embarcar para o Brasil. Angustiado, ele disse que precisava voltar ao hotel para pegar alguns documentos que havia esquecido no quarto. Ela telefonou-lhe insistentemente, até que ele atendeu e orientou-a a embarcar. 
- Resolvo tudo ainda hoje e viajo em seguida - mentiu - Não deixe de embarcar, eu vou tentar remarcar minha passagem para o próximo vôo. 
E sua Esposa assim o fez. Quando confirmou a partida dela, o Homem Sem Tempo foi para o aeroporto e tomou um vôo rumo a Barcelona, onde viveria os momentos mais felizes dos últimos tempos. 

To be Continued

6 de jul. de 2011

Desblogando

Preciso de um tempo e se eu tivesse um pouco de vergonha na cara sensatez, já teria escrito isso há algumas semanas. Mas como dizia minha mãe nos anos áureos(?) de minha adolescência: "Patrícia só aprende quando quebra a cara". E é isso mesmo, mainha, sou construtivista até a alma, só aprendo fazendo!
Leitores assíduos desse blog despretensioso, preciso parar, ausentar-me, tentar desinteressar-me pela blogosfera por uns dias, umas semanas, talvez. Estou em vias de conclusão de uma especialização e não posso mais me dar ao luxo de percorrer diariamente os espaços de cada uma das queridas blogueiras a quem sigo, leio e comento. Também não posso gastar o escasso tempo livre de que disponho queimando as pestanas na tentativa de produzir algo inteligível para seu deleite.
O pouco tempo que me sobra entre a jornada de trabalho, o trânsito, as refeições e o sono serão dedicadas à finalização de uma monografia que fala sobre... blogs!

Preciso correr, dia 15 é a minha data limite, e até lá nada de redes sociais, viagens, baladas ou idas ao parquinho! 

Beijos e até a volta!

PS: Mandem boas vibrações para que eu consiga!

2 de jul. de 2011

Eu Te Vejo

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(Leitores assíduos desse blog, perdoem a melancolia, mas o segundo dia do mês ficou tristemente marcado em meu calendário, e não há como não desabafar aqui sobre a imensa saudade que sinto dessa pessoa que passou a sua breve existência ao meu lado.)

Olho para trás e te vejo em todos os momentos da minha vida.
Nas brincadeiras e travessuras da infância, eu, que sempre convivi mais com meninos do que com meninas, queria fazer tudo como ele: subir em árvore, jogar futebol na rua e até brigar com os moleques. Também o protegia das brigas com garotos maiores e dos castigos e surras em casa. Várias vezes assumi erros que ele tinha cometido, porque conhecia o peso da severidade de meu pai quando precisava "educar" meu irmão.
Nos vejo adolescentes, com a nossa cumplicidade tão invejada. Ouço minha voz chamando-o de "Amor" e sendo imitada por mainha, por Jea, por Milly, que riam da minha forma de tratá-lo.
Num tempo de rebeldia e rudeza, alguns amigos, espantados, diziam: "Essa garota é apaixonada pelo irmão!". E era mesmo. Ele era a personificação do amor na sua forma mais pura.
Fomos responsáveis por uma mudança de postura dentro da nossa família, porque começamos a demonstrar esse amor, contagiando a todos. Nossa geração aprendeu a assumir o amor que sentia sem medo e sem reservas. Hoje nossa família é diferente, graças a isso, graças a ele, que era um ponto em comum, amado e admirado por todos.
Posso vê-lo implicando com Toni, meu primeiro namorado, por puro ciúme de irmão protetor. Implicância essa que ele teve de superar, quando namorou com Jamile, irmã de Toni. A partir daí eu passei a escolher suas namoradas a dedo, e coitadas daquelas que não fizessem parte do meu restrito rol de amigas...
Vejo você sob o sol dos verões em Berlinque,  nas bebedeiras com a galera, fumando os primeiros cigarros  escondidos, nos shows do Ira e Legião Urbana. Posso te ouvir tocando violão no quarto ao acordar, naquelas tardes na orla ou nas festinhas da casa de Érica... 
Te vejo lindo, como costumava chamá-lo, alto, alvo, com seu topete, suas roupas estilosas, seu sorriso de canto de boca, seu olhar de desdém...
Já adulta, tomei consciência de que era preciso me afastar um pouco e deixá-lo viver seus relacionamentos. Eu era o tipo de irmã que sufocava, de tanto amor. Deixei-o namorar em paz, longe das minhas influências e das minhas críticas. E assim pude vê-lo transformar-se num homem inteligente, bem humorado, de difícil convivência, mas capaz de amar e ser fiel à mulher escolhida.
Vejo-o na cozinha, detalhista e exigente, preparando o almoço delicioso que degustaríamos em seguida, nos rasgando em elogios, porque suas qualidades sempre foram valorizadas por nós todos. Vejo-te com meu filho nos braços, brincando, ensinando-o a tocar bateria, divertindo-se com cada novidade apresentada pelo pequeno. E ainda assim, dizendo que não teria filhos, deixando a todos intrigados por sabermos da sua adoração por crianças.
Agora vejo o triste fim da história bonita de um garoto travesso, que se transformou num lindo rapaz, depois num homem admirado, que foi acometido por uma doença estúpida e nos deixou apenas fotografias e um vazio imenso, uma saudade mordaz. Sua ausência me traz a certeza de que esta vida é mesmo só uma passagem ingrata, da qual não podemos nos furtar.

Vejo você em breve, Amor!
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