Palavras de Alento

2 de jul. de 2011

Eu Te Vejo

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(Leitores assíduos desse blog, perdoem a melancolia, mas o segundo dia do mês ficou tristemente marcado em meu calendário, e não há como não desabafar aqui sobre a imensa saudade que sinto dessa pessoa que passou a sua breve existência ao meu lado.)

Olho para trás e te vejo em todos os momentos da minha vida.
Nas brincadeiras e travessuras da infância, eu, que sempre convivi mais com meninos do que com meninas, queria fazer tudo como ele: subir em árvore, jogar futebol na rua e até brigar com os moleques. Também o protegia das brigas com garotos maiores e dos castigos e surras em casa. Várias vezes assumi erros que ele tinha cometido, porque conhecia o peso da severidade de meu pai quando precisava "educar" meu irmão.
Nos vejo adolescentes, com a nossa cumplicidade tão invejada. Ouço minha voz chamando-o de "Amor" e sendo imitada por mainha, por Jea, por Milly, que riam da minha forma de tratá-lo.
Num tempo de rebeldia e rudeza, alguns amigos, espantados, diziam: "Essa garota é apaixonada pelo irmão!". E era mesmo. Ele era a personificação do amor na sua forma mais pura.
Fomos responsáveis por uma mudança de postura dentro da nossa família, porque começamos a demonstrar esse amor, contagiando a todos. Nossa geração aprendeu a assumir o amor que sentia sem medo e sem reservas. Hoje nossa família é diferente, graças a isso, graças a ele, que era um ponto em comum, amado e admirado por todos.
Posso vê-lo implicando com Toni, meu primeiro namorado, por puro ciúme de irmão protetor. Implicância essa que ele teve de superar, quando namorou com Jamile, irmã de Toni. A partir daí eu passei a escolher suas namoradas a dedo, e coitadas daquelas que não fizessem parte do meu restrito rol de amigas...
Vejo você sob o sol dos verões em Berlinque,  nas bebedeiras com a galera, fumando os primeiros cigarros  escondidos, nos shows do Ira e Legião Urbana. Posso te ouvir tocando violão no quarto ao acordar, naquelas tardes na orla ou nas festinhas da casa de Érica... 
Te vejo lindo, como costumava chamá-lo, alto, alvo, com seu topete, suas roupas estilosas, seu sorriso de canto de boca, seu olhar de desdém...
Já adulta, tomei consciência de que era preciso me afastar um pouco e deixá-lo viver seus relacionamentos. Eu era o tipo de irmã que sufocava, de tanto amor. Deixei-o namorar em paz, longe das minhas influências e das minhas críticas. E assim pude vê-lo transformar-se num homem inteligente, bem humorado, de difícil convivência, mas capaz de amar e ser fiel à mulher escolhida.
Vejo-o na cozinha, detalhista e exigente, preparando o almoço delicioso que degustaríamos em seguida, nos rasgando em elogios, porque suas qualidades sempre foram valorizadas por nós todos. Vejo-te com meu filho nos braços, brincando, ensinando-o a tocar bateria, divertindo-se com cada novidade apresentada pelo pequeno. E ainda assim, dizendo que não teria filhos, deixando a todos intrigados por sabermos da sua adoração por crianças.
Agora vejo o triste fim da história bonita de um garoto travesso, que se transformou num lindo rapaz, depois num homem admirado, que foi acometido por uma doença estúpida e nos deixou apenas fotografias e um vazio imenso, uma saudade mordaz. Sua ausência me traz a certeza de que esta vida é mesmo só uma passagem ingrata, da qual não podemos nos furtar.

Vejo você em breve, Amor!

13 Recadinhos

Jemilly

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É uma dor que parece nunca ter cura...errado ou não,vou sempre chorar,vou muito sofrer, até o dia em que eu puder estar ao seu lado novamente, e a aborrece-lo novamente com o meu toque gelado que ele tanto reclamava...

2 de julho de 2011 às 10:16
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Elane Martins

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Paty,
Isso que fica da vida, são esses momentos eternos guardados em nossa memória que lapidam o nosso caráter, a nossa índole e a nossa moral. Lembrar desses momentos preciosos é como diz Saramago "ficamos aqui para ver o barco passar" (interpretação minha). Grande abraço e muita, muita paz.

2 de julho de 2011 às 11:07
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Jeanne Muniz

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Dia 2 é o dia mais foda da minha vida... alegre pelo meu filho e mortificado pela ausência dele.

2 de julho de 2011 às 16:12
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Kátia Tourinho

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Amiga, texto lindoooooooo!
A passagem de seu sempre Amor por aqui e a relação fraterna foi muito linda e amorosa.
Ele foi, mas deixou com vc as lembranças mais ricas de afeto e a certeza que esse laço de amor é eterno.
Bjssssssssssssss

2 de julho de 2011 às 17:53
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Anônimo

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”Todo ser humano pode ser um anjo”. Assim vejo as pessoas que propagam o amor. Assim vejo a relação de vocês, uma relação extremamente amorosa, angelical. Um beijo!

2 de julho de 2011 às 20:22
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Catia Bosso

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Que lindo esse post... nada tem de melancólico e sim de muito amor!!!! e sinto muito pela sua perda assim tão tenra...

bjs

2 de julho de 2011 às 21:42
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Antônio Aruanda

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Irmã, Estamos juntos. Sua dor é minha dor, sua alegria, também é a minha. Embora a saudade desses nossos amantes que se foram jamais deixe de existir, penso que um dia, não mais sofreremos tanto por causa disso.

2 de julho de 2011 às 22:10
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Andréia B. Borba

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Querida, apesar da dor única que nos acomete quando perdemos alguém que amamos, graças a Deus sempre restará conosco as lembranças dos momentos de amor e ternunra que compartilhamos com esses seres tão queridos!
Um beijo enorme flor!
Déia

2 de julho de 2011 às 22:49
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Anônimo

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Paty

a vida é mesmo só uma passagem. O tempo amenizará sua saudade.

Mil beijos!

4 de julho de 2011 às 10:13
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A Viajante

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Seu irmão está em você, Patiinha. Ele te vê, te observa, te vigia, te cuida. Bj, amiga!

4 de julho de 2011 às 17:17
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Lena

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Patty
Não consigo sequer imaginar o quão grande é a sua tristeza. Conforta-nos a certeza de que ele está em um lugar melhor e que o tempo amenizará essa dor. Bjkas com carinho, minha linda menina!!!!

5 de julho de 2011 às 20:13
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Vera Lúcia

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Paty, minha linda,
Você teve a felicidade de ter um irmão amado, que preencheu grande parte de sua vida. Você vai amá-lo para sempre, mas precisa deixar que este sentimento se transforme apenas em saudade. Será melhor para você e para ele, creia-me.
Não diga que esta vida é apenas uma passagem ingrata. A vida é uma benção ; o único canal para a aprendizagem do ser humano. Seu irmão cumpriu o tempo e a jornada dele. A você cabe cumprir o seu, com sua missão, de uma maneira serena. Um dia vocês se reencontrarão. A dor é grande, mas somente nosso Mestre conhece as razões do desenlace precoce de seu irmão.
Seja feliz com seu filho e com sua vida e relembre os belos momentos vividos com seu irmão, mas sem revolta. Ele gostaria de vê-la feliz.
Beijo carinhoso.

5 de julho de 2011 às 23:41
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Lena

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Paty
Hoje passo só pra te deixar um beijinho! Fique feliz! Bjkas com carinho!!!!

6 de julho de 2011 às 11:23
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