Palavras de Alento

2 de jun. de 2011

Amarela

Era assim que ele carinhosamente a chamava, e foi como nós nos acostumamos a chamá-la também.
Amarela estava predestinada a viver, ao lado de meu irmão, os melhores e piores momentos de seus últimos anos de vida.
Amarela foi a escolhida.
Amarela ficou só, e viu seus sonhos, desejos e planos serem rejeitados por Deus no dia em que abriu um envelope contendo o maldito resultado de um exame. Seu rosto, amarelo e sardento, ficou rosado, e seus olhos amarelados feito mel, ficaram em brasa. Seu sorriso sumiu e seu coração petrificou.
Ele se foi há exatos três meses, e agora quando eu vejo Amarela não posso deixar de sentir a presença dele, porque ela, para mim, sempre guardará consigo um pouco dele. 
Do melhor dele. 
Daquele olhar que ele lançava para ela, que era puro amor. Um olhar que eu nunca o vi lançar para mais ninguém, com aquela cara linda de "babaca" que ele não conseguia disfarçar, porque o amor se revela é pelo olhar.
Domingo encontrei Amarela e senti um enorme aperto no peito ao vê-la ir embora sozinha. Senti por eles não terem tido tempo de nos presentear com um fruto do ventre dela, para nos lembrarmos eternamente do amor que os uniu um dia.
Amarela foi a escolhida dele. 
Mas antes disso, Amarela foi escolhida por mim e Jea, que muito antes do namoro deles engatar, já confabulávamos para uní-los. Achávamos que ela sim, estava à altura do nosso amadíssimo irmão. E o nosso desejo foi tão forte que o universo conspirou pra esse encontro, e, mesmo sem termos nenhuma participação, eles acabaram por se encontrar e ficar juntos por sete anos.
Até que a Morte os separou.
Agradeço à Amarela por tudo. Por tê-lo amado tanto quanto ele precisava e merecia. 
Por ter sido paciente e enfermeira, companheira e acompanhante, motivadora e motivação. 
Agradeço pela dedicação, pelo cuidado, pelo carinho para com ele e com toda a nossa família (que é sua família também, pois a temos em nossos corações).
Agradeço agora e sempre, com lágrimas nos olhos, pelo presente que ela me deu no domingo.
Agora posso dizer que o trouxe para dentro de minha casa, posso olhar para o seu violão, vislumbrá-lo, e lembrar de tantos momentos bons que passamos juntos.
Amarela foi a escolhida por Deus, não resta dúvida.

17 Recadinhos

A Viajante

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Patiinha, a saudade acompanha a gente e nos peresegue. Quem se mantém vivo, após uma perda como essas, precisa seguir assim, como você: resgatando os bons momentos e valorizando os queridos. Me lembrei de uma cunhada que tive, que amávamos, e que meu mano marcaou bobeira e com ela não se uniu e fiquei pensando, e chorando,sobre como seria a vida dele simplesmente deixar de existir...seria ela, a nossa amarela do coração. Bj, amiga.

2 de junho de 2011 às 09:01
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A Viajante

comentou...

Quem sabe Bento não gostará do violão e aprenderá a dar vida ao instrumento?

2 de junho de 2011 às 09:02
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Vera Lúcia

comentou...

Oi Paty,
Fiquei realmente comovida com este relato.
Ser grato é preciosidade.
Meu carinho para você, familiares e Amarela.
Beijo.

2 de junho de 2011 às 12:18
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Kátia Tourinho

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Amigaaaaaaaaaa, já sabe que a manteiguinha aqui precisou mesmo do lençol...rs
Lindo post para uma linda história de amor, que se eternizou em vários corações.

Bjs de luz

2 de junho de 2011 às 17:54
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Anônimo

comentou...

Você e essa mania de fazer a tal da água salgada escorrer pelos meus olhos. Fico me perguntando se a "morte" realmente separa os amores. Talvez por alguns instantes. Mas enfim... a Amarela, pelo pouco que pude conviver, é uma pessoa de ouro. Digna de ser amada por essa família linda!
Beijos meu amor

2 de junho de 2011 às 19:25
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@emmersonmorvan_oficiall

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A morte apenas separa os corpos e une cada vez mais a alma. Criança da minha vida durante quase trinta anos e ainda consegue me surpreender e é por isso que eu te amo mais ainda minha amiga e irmã maravilhosa que eu tanto amo.
A ligação que todos vocês "família" e principalmente você com ele é de um amor tão puro...Lembro-me bem há alguns anos que eu nem lembro mais afinal foram tantos anos que se passaram e eu entrei na casa de vocês ainda no pasto da serra, Jea tava assistindo tv na sala, sua mãe na cozinha, fui logo pro seu quarto e na sala também estava Dão com uma prancheta desenhando. O mundo poderia desabar, nem as nossas risadas e "causosss" eram capazes de desequilibrar aquela figura que estava ali concentrado...As vezes as lembranças vem em flashs na minha mente. Começei a ler o blog e já estava chorando porque Maria Gadu "Dona Cila" descobriu o meu ponto fraco, "O amor" ainda continuo chorando...E esse choro não é de tristeza mas sim de saudade, amor e encantamento pela nossa história.
Paty, tenha a certeza de que essa amarela ai também guardará esses momentos maravilhosos já vividos não na mente física mas sim na alma porque ela "a alma" é eterna e perene assim como o amor verdadeiro... A cada dia que passo eu sinto mais orgulho de te ter na minha vida. Obrigado Deus por ser tão generoso comigo.

2 de junho de 2011 às 21:08
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Antônio Aruanda

comentou...

Profundamente emocionado... É interessante constatar que todas essas experiências tem-nos feito expressar o melhor que há em nós. Sempre fui um amante, um amado, mas nunca amei tanto quanto ultimamente.

2 de junho de 2011 às 22:45
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Line/Consa/Liu/Alê

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Como é maravilhoso ouvir os sentimentos de alguém que tem o dom das palavras! Estou comovida com seu relato, mais ainda por conhecer essa historia de amor! Desejo que esse amor que uniu a "amarela" a vocês nunca se perca.
Aline Ribeiro

3 de junho de 2011 às 09:16
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ianamile

comentou...

Paty, li seu texto, muito lindo. Carol ou melhor: Amarela é uma pessoa iluminada, linda, tenho certeza que esse texto foi um presente para ela também.
Pude ter a certeza que estamaos cada vez mais unidas por sentimentos. Tenho aprendido muito nos últimos meses e tenho tentado me tornar melhor a cada dia.
Me surpreendo com você amiga, com sua força, com sua presença, sua personalidade. Amo muito você e sou sua fã.
Beijos no coração.
Mile

3 de junho de 2011 às 14:55
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Lena

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Oi, Paty
Você é a responsável por essas lágimas que agora estão escorrendo no meu rosto. Tão triste, mas tão lindo ao mesmo tempo! Restou a saudade de alquém que foi tão lindo, e que jamais será esquecido. Um lindo fim de semana. Bjkas com carinho!

4 de junho de 2011 às 11:10
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Anônimo

comentou...

Bonito relato, Paty! bonito e merecido. "Amarela" seduziu a todos nós, e continua seduzindo, pela simplicidade e carinho incondicional dedicada ao "babaca".
Muito bom esse registro que você faz.
bjs

4 de junho de 2011 às 20:53
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joselia

comentou...

fiquei emocionada e com lágrimas nos olhos desejo que a amizade sua e da amarela seja infinita em quanto dure e pode ter certeza que seu irmão está feliz em relação a vcs.

5 de junho de 2011 às 18:17
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dene

comentou...

Amarela é a cor das estrelas e Carol Amarela rsrsrrs é uma estrela que junto com Dão (um astro rei)Brilharam juntos e brilharam muito mais...Lindoooo seu texto, seu coração, seu amor, seu "eu" Parabens!

19 de agosto de 2011 às 00:48
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Anônimo

comentou...

Paty, suas palavras são intensas!! Lindas!! Sempre lembrarei de Dão com muito carinho. Lembro-me que sempre o encontrava no mesmo ponto de ônibus do Shopping Iguatemí, e quando ele me via ele dizia: Ñ é possível, todo dia... (rs) Eu respondia: Ñ é possível digo eu... Que Deus ilumine vc e toda a sua família!! Parabéns e Bjão!

21 de outubro de 2011 às 22:04
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Paty Michele

no comando :)

Às vezes nem eu acredito que escrevi uma coisa tão linda... e me emociono todas as vezes que releio.

11 de junho de 2012 às 22:24
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