As pessoas gritavam lá fora. Euforia geral. A noite caía e as ruas estavam lotadas de gente comemorando. Fogos estouravam nos céus, e dentro daquele velho casarão ela tentava atravessar um corredor apinhado.
Desceu as escadarias apressada, procurando-o. Precisava comemorar com ele. Aquela vitória era deles. Antes que pisasse o último degrau, ela viu o Homem Sem Tempo parado à porta, em meio à multidão.
Correu em sua direção. Seus olhos se encontraram, sorriram um para o outro e quando já estavam bem próximos, ela atirou-se em seus braços. Ele a ergueu no ar, rodopiando-a, como se estivesse com uma criança.
Sorriam, tamanha a felicidade. Quando ele começou a abaixar os braços para colocá-la no chão, seus rostos se aproximaram muito. Ela pôde sentir seu cheiro, seu hálito. Num ímpeto, segurou-lhe o rosto com as duas mãos, aproximou-se mais e beijou-o de leve nos lábios .
Ele colocou-a no chão, e quando ela fez menção de se afastar, puxou-a para si, colando seus corpos. Antes que a Mulher Só pudesse dizer qualquer coisa, o Homem Sem Tempo beijou-a longa e intensamente.
Naquele momento, todas as vozes se calaram, todas as pessoas desapareceram e ela esqueceu do mundo à sua volta. Sentia-se flutuando, suas pernas quase não a sustentavam, enquanto seus braços enlaçavam o pescoço dele, como se nunca mais fosse sair dali.
De repente ouviu um barulho insistente, e acordou sozinha em seu quarto frio e escuro.
Quis chorar, mas riu de si mesma e da própria desventura.
Como desejara que tivesse sido real...
To be Continued