Capítulo XXIV
Foram a um barzinho no Bairro Alto, reduto da boemia lisboeta, cujas mesas ficavam sobre a calçada, assim podia-se conversar e beber ao ar livre, como no Brasil. Ambos se agasalharam e pediram um vinho pra espantar o friozinho do final do inverno europeu. A Mulher Só mal podia acreditar que estava vivendo aquele momento com o homem que tanto desejara, e do qual por pouco não desistira.
Ele puxou a cadeira para perto dela. Brindaram. Olhava nos olhos dele de forma intensa e com um risinho contido no canto dos lábios. Era a forma que encontrara de esconder a timidez e não voltar atrás.
Jantaram, beijaram-se e um desejo incontrolável tomou conta dos dois. Ele pediu mais vinho, e ela, divertindo-se com a sensação de perigo eminente, bebia, ria e o provocava. O Homem Sem Tempo percebeu que ela bebera um pouco além da conta, por isso não demoraram a sair dali.
Entraram no carro, que estava num estacionamento próximo ao bar. Beijaram-se e um fogo se acendeu no meio deles. Sob o efeito do vinho, a Mulher Só libertou-se de seus preceitos e não percebeu que estava entregue. Só conseguia pensar no que seu corpo pedia e que nada poderia controlar aquela sensação arrebatadora. O desejo que os consumia precisava ser saciado.
- Vou te levar para o hotel! - Sussurrou ele ao ouvido dela
Em resposta, ela pulou no seu colo, beijando-o alucinadamente. Ele queria rasgar-lhes as roupas ali mesmo, mas o celular começou a tocar insistentemente. Ela afastou-se.
- Vai atender?
Ele não respondeu, puxou-a novamente para perto de si. O aparelho silenciou por um momento, e quando já estavam novamente nos braços um do outro, ouviram um bipe de mensagem.
-
Deve ser importante, é melhor você verificar - ela disse, ajeitando-se no banco do carona.
A contragosto, ele pegou o aparelho. O silêncio que tomou conta do carro naquele instante foi estarrecedor. A expressão no rosto do Homem Sem Tempo denunciava que algo muito desagradável ocorrera. Jogou o celular para o lado e pôs as mãos na cabeça, em seguida esmurrou o volante do carro.
Ela não disse nada. Apanhou o celular no chão e leu a mensagem que aparecia no visor:
"Surpresa! Vim encontrar-te em Lisboa. Estou esperando-o no aeroporto, beijos."
To be Continued