Capítulo XXIII
Achou por bem não dormir em Lisboa. Ao invés disso, tomou um comboio ainda de madrugada, e chegou ao hotel pouco depois das 8 da manhã. Ele estava à sua espera, recém saído do banho, sentiu o cheiro da loção de barbear quando o cumprimentou com um beijo no rosto.
Serviram-se, ele pegou um café, ela preferiu chá, depois sentaram-se à mesa para degustar as delícias do pequeno almoço, como os portugueses chamam a primeira refeição do dia.
A aliança de ouro grossa teimava em chamar-lhe a atenção. Seus olhos quase ofuscavam quando pousavam sobre o objeto.
Incomodada, perguntou:
- E essa aliança?
Ele, tentando conter o riso, desconversava:
- O que é que tem? É só um símbolo...
- Para mim simboliza muito.
- Isso te incomoda?
- Sim.
- Então tire-a! – estendeu-lhe a mão esquerda, desconcertando-a.
- Não. Eu não posso fazer isso.
Ele riu. Ria dos medos dela, das preocupações, das incertezas, das inseguranças... Mas parecia bastante seguro do que queria e, sobretudo do que fazia.
Terminaram o café e saíram do hotel. Ela havia dito que voltaria imediatamente para Barcelona, mas ele não se deu por satisfeito. Assim que entraram no carro, partiu pra cima dela e beijou-a apaixonadamente, quebrando todas as suas resistências. Sentiam o desejo crescer dentro deles e uma vontade incontrolável de estar juntos.
- Fica aqui, fica comigo – ele sussurrava ao seu ouvido e ela derretia-se com aquela situação.
Olhou-a nos olhos, suas faces estavam coradas, a boca vermelha, ardia como brasa e o corpo estava totalmente entregue. As palavras dela tornaram-se desnecessárias, pois seu olhar dizia-lhe tudo.
Mas não podiam esquecer que estavam dentro de um carro, parado em frente ao hotel, numa via pública.
- Eu tenho alguns compromissos durante a tarde, mas a noite estarei livre. – falava segurando seu rosto com as duas mãos. – Eu preciso te ver de novo.
Ela assentiu. Como poderia dizer não?
- Vou aproveitar a tarde pra pesquisar um material na biblioteca nacional.
- Ótimo, eu te apanho lá no final da tarde e te trago aqui pro hotel.
Ela fez que sim com a cabeça, sorrindo.
Perdera o medo e resolvera entregar-se sem reservas, correspondendo aos beijos longos e apaixonados que ele lhe oferecia.
To be Continued