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Assisti a esse desenho animado da Disney ainda criança. Na historinha, o pacato personagem Pateta transforma-se numa pessoa competitiva e enfurecida ao se prostrar atrás de um volante, mostrando que qualquer ser humano normal pode se tornar perigoso quando se depara com um trânsito caótico.
Apesar de já contar mais de 60 anos, o vídeo nunca esteve tão atual. O trânsito vêm alterando o comportamento de milhares de pessoas. Parece que vivenciamos cotidianamente uma guerra, ou uma corrida de imensos obstáculos, onde pouco importam as necessidades alheias.
A pressa tem feito as pessoas perderem a medida do bom senso, beirarem a falta de civilidade e até esquecerem de quem são. Aqui em Salvador (como em outras grandes cidades do país) presenciamos diariamente acidentes envolvendo todo tipo de veículos e as motocicletas são campeãs em número de vítimas fatais.
Dias atrás um acidente chocou a cidade e o comportamento dos motoristas acabou virando tema de discussões. O referido caso aconteceu numa avenida de um bairro nobre da capital baiana: uma médica atirou o próprio carro contra uma moto onde estava um casal de irmãos de 21 e 23 anos. Ambos morreram imediatamente e a motorista ficou em estado de choque.
A opinião pública promoveu o linchamento moral da acusada, que, ao que parece, teve um ataque de raiva após uma pequena discussão com o motociclista. Dominada pelo ódio, partiu para uma suposta "vingança" e atirou o carro contra a moto. Vimos então um espetáculo bizarro, uma mulher casada, mãe, profissional conceituada e respeitada ter sua vida virada de cabeça pra baixo por conta do próprio desequilíbrio. Do outro lado, uma mãe perdeu seus dois únicos filhos.
Agora, enquanto a justiça toma das providências cabíveis, a população pede punição para uma mulher que, num momento de destempero, ceifou duas vidas, desestruturou duas famílias e deixou todos perplexos.
Espera-se que o trágico exemplo sirva de lição, para que possamos refletir sobre nossa postura no trânsito, de modo que o desgaste do dia a dia não nos faça usar nossos veículos como máquinas mortíferas. Precisamos cultuar a paz e manter a serenidade, ou nos tornaremos todos monstros ao volante.
