Palavras de Alento

3 de dez. de 2010

A Hora da Geração Digital - Resenha da Obra




TAPSCOTT, Don. A Hora da Geração Digital: Como os jovens que cresceram usando a internet estão mudando tudo, das empresas aos governos. Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010. 

Neste livro, lançado na Europa e América do Norte em 2008, e no Brasil apenas em 2010, o autor reuniu os resultados de uma pesquisa feita com cerca de dez mil jovens, de diversas partes do mundo, os quais ele denomina Geração Digital, ou Geração Internet. A obra desmistifica a visão apocalíptica que alguns autores e especialistas têm da juventude atual, mostrando como cresceram e vivem os membros dessa geração que nasceu imersa em tecnologias, e por isso lidam com elas de forma tão natural. 

Dividido em três partes, o livro contém mais de quatrocentas páginas, onde o autor discorre ao longo de onze capítulos, sobre as principais mudanças promovidas pelo uso constante da internet pela Geração Digital. 

A obra tem como ponto de partida as diferenças entre as duas gerações mais populosas de todos os tempos: a geração Baby Boom e a Geração Digital. As mudanças no modo de ser e de viver dessa última geração em relação à primeira, são focalizadas, mostrando ao leitor como a influência do uso da internet os transformou em pessoas mais inteligentes e dinâmicas. 
Tapscott afirma que a Geração Internet está em toda parte, compactua de uma cultura global e muda o mundo na medida em que ascende. Seus pais, os Baby Boomers, que cresceram em frente à televisão, tecnologia mais marcante à época, aprendem com eles a utilizar as tecnologias. Para a Geração Digital, lidar com tecnologias é tão natural quanto respirar. O mundo não existe sem elas. Segundo o autor, tratam-se de pessoas altamente instruídas, estimuladas desde muito cedo, que por isso tornaram-se multitarefa. São exigentes, sua relação com a mídia e com a política é diferente da de seus pais. É uma geração caracterizada por oito normas, que se baseiam nas experiências deles, e estruturam também sua relação com o emprego e o consumo, são elas: Liberdade, customização, escrutínio, integridade, colaboração, entretenimento, velocidade e inovação. 
Conectados em redes sociais, essa geração não teme a exposição ou perda de privacidade; prezam a liberdade, mas sentem-se bem com a família e gostam de viver na casa dos pais. São honestos, porém desconfiados. A geração digital é engajada, não alienada. Eles lêem menos livros, mas lêem mais páginas na internet, têm acesso a mais informações, que precisam ser filtradas e processadas, o que acaba por exigir mais de seus cérebros. Os jogos on line, nos quais a grande maioria passa boa parte do tempo, também são potencializadores de áreas do cérebro importantes ao desenvolvimento de diversas funções essenciais ao exercício de profissões como Engenharia e Medicina. 
Por essas e outras razões a escola tradicional, com aulas expositivas e professores proferindo discursos, não lhes interessa. A educação para eles deve estar focada neles, visto que aprendem produzindo. A aprendizagem colaborativa é o que faz sentido para essa geração que não tolera mais a educação unidirecional praticada durante séculos. Deste mesmo modo lidam com o mundo do trabalho, que para atraí-los precisa ser apaixonante, divertido, inovador, colaborativo, desafiador, veloz e livre. 
Concluindo o livro, Tapscott cria o neologismo NGenofobia (medo da Geração Internet) em resposta a um crítico ferrenho da Geração Internet, Mark Bauerlein, que publicou um livro afirmando ser esta uma geração burra e nociva ao desenvolvimento da humanidade. Ele finaliza a obra lançando um questionamento sobre o que faremos com esse poder conquistado pela Geração Digital: Compartilharemos com eles dessa cultura ou deixaremos essa oportunidade nas mãos das próximas gerações? “Acho que o mundo será melhor se o fizermos”, encera. 

Os milhares de jovens dotados da lógica do pensamento hipertextual dão a tônica à essa primorosa obra de Don Tapscott, que desvenda o que há por trás das mudanças promovidas pela Geração Digital, em todos os setores da sociedade. 
Para essa geração há que se pensar em novas educações, pois o modelo tradicional e ultrapassado já não atende às necessidades do pensamento ágil dessa geração que Nelson Pretto chama de “alt + tab”. Eles comparam uma aula expositiva a uma TV ligada, que serve apenas de música de fundo, enquanto executam outras atividades. 
Fica claro, após a explanação dos inúmeros exemplos e dados da pesquisa apresentados no livro, que, definitivamente, os multitarefa nascidos entre 1977 e 1997 não são uma geração emburrecida; pelo contrário, é uma geração altamente informada e competente, engajada, mobilizada e dotada de um forte poder de influência, capaz de atingir escalas mundiais.

Sem dúvida uma leitura imprescindível para pais, educadores, sociólogos e psicólogos. Traz em seu escopo os resultados de uma pesquisa extremamente relevante para a compreensão das mudanças promovidas por uma geração que está imersa em tecnologia desde que nasceu, e que agora chega ao mundo do trabalho, revolucionando as formas de lidar com consumo, produção, hierarquia, liberdade e inovação.
Tido como um dos principais cibergurus do mundo, Don Tapscott é pesquisador, escritor e palestrante,  além de ser professor adjunto da Universidade de Toronto, no Canadá, onde reside. Atualmente é diretor da empresa nGenera Innovation Network, que realiza pesquisas, consultorias e programas educacionais. Escreveu ainda Geração Digital (1997) e Wikinomics (2007), dentre outros títulos como autor e coautor. 

Patrícia Michele Muniz Vilas Boas é Pedagoga, professora da Rede Municipal de Educação de Salvador e aluna do curso de Especialização em Tecnologia e Novas Educações, da Universidade Federal da Bahia.

3 Recadinhos

Anônimo

comentou...

Me orgulho muito dessa pedagoga altamente dedicada ao que faz. Você é uma acadêmica de qualidade! Parabéns pela resenha.

3 de dezembro de 2010 às 21:57
Responder
Henrique dias

comentou...

Como professor e educador, te dou os parabéns, que bela resenha. vc é uma ótima escritora.

4 de dezembro de 2010 às 09:26
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Unknown

comentou...

Eu acabei de ler esse livro e eu recomendo.

29 de janeiro de 2013 às 15:14
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