Sábado, quase meio dia, sol de primavera brilhando no meio do céu. Lá vou eu com meu pimpolho à tiracolo, fazendo o circuito Dodô ao contrário. Em uma hora e meia deveria estar do outro lado da cidade, repondo mais uma aula devida por conta da greve da categoria. Antes disso, deixar meu filho na casa do seu genitor, almoçar e.......... uma buzina soou forte, um carro quase me fechou. Imbecil, vai buzinar pra tua mãe!!!!
Passei à frente dele e acelerei, ele veio logo atrás dando sinal de luz. Vai te catar!!!! Mais à frente, sinal vermelho, e o carro dele pára ao lado do meu. Me enchi de coragem e olhei pro lado a fim de encarar o meu algoz.
Mas que algoz lindo, que sorriso... nunca uma briga de trânsito me trouxera algo tão reluzente. Sorri, surpresa. Ele gesticulava, dizendo: “Me dá seu telefone”. Brinquei, fingindo que jogaria meu celular pra dentro do carro dele. Sinal verde. Acelerei, sinalizei pra direita, ele logo atrás fez o mesmo. Subi o Morro do Ipiranga, e na descida, sinal vermelho. O carro dele coladinho atrás do meu. Ele desce, celular em punho, cheio de atitude, encosta na minha janela e pede o meu número.
No exato momento em que eu proferia os nove dígitos mágicos, seus olhos entraram pela minha janela e pousaram naqueles olhinhos pretos e redondos como duas contas cravadas na pele branca, que estavam no banco de trás.
Sinal verde. Agradeceu e se afastou sorrindo. Nunca me ligou.
Passei à frente dele e acelerei, ele veio logo atrás dando sinal de luz. Vai te catar!!!! Mais à frente, sinal vermelho, e o carro dele pára ao lado do meu. Me enchi de coragem e olhei pro lado a fim de encarar o meu algoz.
Mas que algoz lindo, que sorriso... nunca uma briga de trânsito me trouxera algo tão reluzente. Sorri, surpresa. Ele gesticulava, dizendo: “Me dá seu telefone”. Brinquei, fingindo que jogaria meu celular pra dentro do carro dele. Sinal verde. Acelerei, sinalizei pra direita, ele logo atrás fez o mesmo. Subi o Morro do Ipiranga, e na descida, sinal vermelho. O carro dele coladinho atrás do meu. Ele desce, celular em punho, cheio de atitude, encosta na minha janela e pede o meu número.
No exato momento em que eu proferia os nove dígitos mágicos, seus olhos entraram pela minha janela e pousaram naqueles olhinhos pretos e redondos como duas contas cravadas na pele branca, que estavam no banco de trás.
Sinal verde. Agradeceu e se afastou sorrindo. Nunca me ligou.