Acordara assustada, com o toque insistente do celular. Ainda era madrugada, olhou o aparelho e embora não reconhecesse o número, sabia que a ligação vinha do Brasil. Atendeu, receosa. Pelos seus cálculos ainda não era meia noite em seu país de origem.
- Você precisa vir pra cá o mais rápido possível! - Era a voz da sua irmã, num tom autoritário, inadmissível àquela altura de suas vidas.
Respirou fundo e tentou dizer alguma coisa, quando foi interrompida por uma voz desesperada, que parecia tentar abafar um choro:
- O pai enfartou!
Respirou fundo e tentou dizer alguma coisa, quando foi interrompida por uma voz desesperada, que parecia tentar abafar um choro:
- O pai enfartou!
Seu coração gelou. Pulou da cama,procurando o que vestir. Não sabia o que dizer à irmã, só pensava no lapso enorme de tempo que a separava da família. Havia meses que não se viam e semanas sem dar notícias. Culpou a si mesma, desculpou-se com a irmã e prometeu viajar imediatamente.
imagem daqui |
Arrumou as malas, deixou um bilhete para a Garota Francesa na porta da geladeira e tomou um taxi para o aeroporto. No caminho enviaria um e-mail ao seu orientador explicando a necessidade de ausentar-se por uns dias. Estaria de férias da Universidade dali a uma semana, mas ainda havia pendências. Nada que não se resolvesse a distância.
Sua preocupação maior agora era saber o real estado do velho. Perdera a mãe muito cedo e seu pai só voltou a unir-se a outra pessoa depois que as filhas estavam adultas. Era uma senhora simpática, que dedicava-se a ele e lhe fazia companhia, mas ela também já inspirava cuidados. Reconhecia a necessidade de se fazer mais presente, não deveria sobrecarregar a irmã.
Ao desembarcar no Brasil, lembrou-se imediatamente do Homem Sem Tempo. Era torturante saber que estavam agora na mesma cidade, mas não poderiam se ver. Havia decidido colocar um ponto final naquela história e, por mais que lhe doesse, não voltaria atrás.
Espantou aqueles pensamentos sombrios e resolveu cuidar do que era certo.
To be Continued