Ainda podemos sonhar (?)

Faz mais de 20 anos que saí de Nazaré, aos 17, após concluir o Ensino Médio. No começo ia muito lá, depois me enturmei por aqui e as visitas escassearam. Mas meus avós e tias ainda residem nessa pequena cidade, que tem cerca de 25 mil habitantes, umas duas indústrias, um comércio fraco e uma festa tradicional secular no currículo.

Em Nazaré não tem faculdade, e a menos que sua família tenha um ponto comercial ou você passe num concurso público, terá alguma sorte. A vida por lá se arrasta. As pessoas (salvo exceções raras) passam os dias a cuidar da vida alheia, os jovens começam a beber e fumar cedo (e agora há o avanço do crack) e nenhuma perspectiva animadora pode ser vislumbrada no horizonte político da minha amada terrinha. 

Gosto da cidade. Mas há tempos não sinto paz ao andar naquelas ruas. A cidade mudou, mas só os engarrafamentos e a violência urbana cresceram. O poder público se reveza nas mãos de três famílias desde antes de eu nascer. Patrimônios aumentaram na proporção inversa ao progresso da cidade, empacada, afundada na mesmice.

A esperança agora é ver o novo no poder. Estamos lutando por isso há 12 anos e caso essa vitória não se concretize, eu vou lavar minhas mãos e transferir definitivamente meu domicílio eleitoral pra Salvador. Lutar pelo melhor é um dever de todos, mas quando o próprio povo decide continuar no buraco, é preciso aceitar a derrota e deixar que arquem com as consequências.
Vejo pessoas presas a favores, cuja gratidão parece ser eterna. Há também quem precisa estar do lado do poder, para garantir seu emprego. Esses pretendem que a gestão de seu candidato se perpetue, para não perderem sua "boquinha". A maioria valoriza o prefeito que "paga em dia". É um pensamente tão medíocre que eu me envergonho em postar.
Mas eu sou livre, meu voto é independente porque não preciso de política pra viver. Tenho consciência de que a coletividade é muito mais importante que qualquer interesse pessoal. Quero ver minha cidade como eu sempre sonhei: Crescendo, prosperando e dando condições dignas de seus filhos viverem lá, ao invés de se verem obrigados a sair, como eu.
Não vou votar em partido. Vou votar em dois homens de bem. Dois homens capazes de tornar meu sonho realidade. Capazes e preparados para tornar Nazaré uma cidade melhor para quem vive lá.